Coreia do Norte dispara míssil intercontinental até o Japão, que fala em agressão "imperdoável"
A Coreia do Norte disparou nesta quinta-feira (24) um míssil balístico intercontinental (ICBM) que atingiu a zona marítima exclusiva do Japão, que expressou indignação com o teste mais potente de Pyongyang desde 2017. Os Estados Unidos condenaram com veemência o teste, que "aumenta de maneira inútil as tensões" na região.
O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, confirmou que o projetil lançado, na direção do Japão, era um ICBM. Em Seul, o exército sul-coreano anunciou que, em resposta, disparou uma série de mísseis por terra, ar e mar ao longo de sua costa marítima.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, denunciou um "ato escandaloso e imperdoável". Em Bruxelas, onde está para uma cúpula do G7, ele acrescentou que o regime norte-coreano "ameaça a paz e a segurança do Japão, da região e da comunidade internacional". "Isso não pode ser aceito", afirmou o primeiro-ministro.
Washington se comprometeu a "adotar todas as medidas necessárias para garantir a segurança do território norte-americano, da Coreia do Sul e Japão".
Compromissos rompidos
Desde o início do ano, a Coreia do Norte executou uma dezena de testes de mísseis, uma série sem precedentes que desafia as sanções da ONU contra o desenvolvimento de seu programa armamentista e nuclear. Pyongyang suspendeu oficialmente os testes de longo alcance enquanto o dirigente Kim Jong-Un participava de negociações com o então presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Mas as conversas fracassaram em 2019 e estão paralisadas desde então.
"Foi uma violação da suspensão dos lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais prometida pelo presidente Kim Jong-Un à comunidade internacional", destacou o presidente sul-coreano, em um comunicado. "Isso representa uma grave ameaça à península da Coreia, à região e à comunidade internacional", acrescentou Moon Jae-in, antes de ressaltar que também é uma "clara violação" das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
O míssil foi lançado nesta quinta-feira antes das 16h (4h de Brasília) a partir do distrito de Sunan, provavelmente o mesmo local em que foi realizado na semana passada um teste sem sucesso, e percorreu uma parábola de 6.200 quilômetros, segundo o Estado-Maior Conjunto de Seul.
De acordo com o vice-ministro da Defesa do Japão, Makoto Oniki, o míssil voou durante 71 minutos e caiu a 150 quilômetros a oeste de sua costa norte, dentro da zona econômica exclusiva nipônica.
Há muitos anos, a Coreia do Norte aspira ter um míssil intercontinental com capacidade de transportar várias ogivas e, de acordo com os governos dos Estados Unidos e a Coreia do Sul, está testando o Hwasong-17, um poderoso modelo apresentado pela primeira vez em outubro de 2020. Apesar das sanções internacionais mais severas, Pyongyang intensifica o programa de Kim Jong-Un para modernizar suas Forças Armadas.
"Momento perfeito" para testes
Na semana passada, o país executou um teste fracassado com o que, segundo analistas, seria um Hwasong-17 que explodiu em pleno voo sobre a capital do país. "Pyongyang tentou lançar um ICBM no aeroporto de Sunan na semana passada, mas falhou", disse Go Myong-hyun, pesquisador do Instituto Asan para Estudos Políticos. "Então, o lançamento de hoje aconteceu para tentar corrigir a falha e porque o país precisa completar sua tecnologia ICBM imediatamente", acrescentou.
Estados Unidos e Coreia do Sul alertaram este mês que Pyongyang estava se preparando para disparar um ICBM e testou componentes do Hwasong-17 camuflados como satélites espaciais.
A Coreia do Norte já havia disparado três mísseis do tipo, o último deles em novembro de 2017, o Hwasong-15, que foi considerado suficientemente potente para atingir o território continental dos Estados Unidos. "Kim Jong-Un quer se estabelecer como o líder que desenvolveu com sucesso armas nucleares e o ICBM", declarou Ahn Chan-il, professor de estudos norte-coreanos, em entrevista à AFP.
Os lançamentos acontecem às vésperas do 110º aniversário do nascimento do fundador da Coreia do Norte e avô do atual líder do país, Kim Il Sung. Pyongyang aproveita a instabilidade internacional provocada pela invasão da Ucrânia, que leva ao aumento da disputa de Washington com Moscou e Pequim, assim como a transição política na Coreia do Sul, até a posse do presidente eleito Yoon Suk-yeol em maio.
"Kim provavelmente sente que é o momento perfeito para desenvolver o ICBM", disse Ahn Chan-il.
Com informações da AFP
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