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Possibilidade de vitória de Le Pen leva Macron a aumentar ataques à rival de extrema direita

01/04/2022 06h31

E se Marine Le Pen realmente "nunca estivesse tão perto" de assumir o Palácio do Eliseu francês? A nove dias do primeiro turno das eleições presidenciais no país, o que parecia inimaginável até pouco tempo atrás, agora já passa a ser levado a sério pela equipe do atual presidente Emmanuel Macron, que disputa a reeleição.

Confortável durante meses nas pesquisas de intenções de voto, Macron não se preocupou em fazer campanha. Em clima de "já ganhou", ele realizará o seu primeiro comício apenas neste sábado (2), na cidade de Nanterre, periferia de Paris. Enquanto isso, sua rival da extrema direita foi conquistando a confiança dos eleitores pela França.

Uma sondagem do instituto Elable publicada no jornal Les Echos nesta sexta-feira (1°) afirma que a líder da extrema direita celebra 35% de opiniões favoráveis, seu melhor resultado em cinco anos. "Marine Le Pen desfruta claramente de menos rejeição", adverte o diário, ressaltando a forte inserção da chefe do partido Reunião Nacional junto às classes populares.  

Na capa do Le Parisien, uma nova pesquisa Ipsos confirma que a diferença entre os dois candidatos está diminuindo. "Por que Macron deve acelerar", incita a manchete do jornal, ao anunciar que, no segundo turno, o presidente deveria vencer com 54% e a candidata ficar com 46%. Na véspera, outra pesquisa havia antecipado Le Pen com 47% e Macron com 53%, a diferença mais apertada até o momento.  

No Le Parisien, Edouard Philippe, ex-primeiro-ministro de Macron, é direto: "É claro que Marine Le Pen pode ganhar". Ele avalia que uma forte abstenção nas urnas pode ajudar a candidata a vencer. Philippe nota que o surgimento de um segundo nome na extrema direita, Éric Zemmour, com uma postura bem mais radical, "fez Marine Le Pen se tornar branda, na comparação com ele".

"É preciso diabolizar de novo aquela que se banalizou", observa um editorialista do Le Figaro, em relação à estratégia de Le Pen desde a eleição de 2017 para conquistar o poder: amenizar o discurso e se afastar da ala mais radical do partido xenófobo e racista fundado por seu pai, Jean-Marie Le Pen.

Ciente dos riscos, a campanha do presidente reage: na quinta-feira, Macron concentrou os comentários sobre os opositores na figura de Marine Pen, apontando falhas no seu programa e afirmando, sem citar o seu nome, que ela "divide o país".