"Bloqueio de portos ucranianos pela Rússia poderá matar milhões de pessoas", diz chanceler italiano
O Ministro das Relações Exteriores italiano, Luigi Di Maio, advertiu nesta quarta-feira (8) que o bloqueio dos portos ucranianos pela Rússia estava impedindo as exportações de trigo e que poderia levar à morte de "milhões" de pessoas. A Rússia, no entanto, minimizou o papel de sua ofensiva na Ucrânia no aumento dos preços dos grãos, apelando para que a importância da produção ucraniana no mercado mundial não fosse "exagerada".
"As próximas semanas serão cruciais para desbloquear a situação. Esperamos sinais claros e concretos da Rússia porque bloquear as exportações de trigo significa manter milhões de crianças, mulheres e homens reféns e condená-los à morte", disse o chanceler italiano Luigi Di Maio.
O chefe da diplomacia italiana falou ao final de uma conferência ministerial sobre segurança alimentar nos países do Mediterrâneo com a participação, entre outros, da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Alemanha, atual presidente do G7.
A Ucrânia, um dos principais players do mercado mundial de grãos, não pode exportar seus produtos com o bloqueio russo em seus portos após a invasão. O Ministro das Relações Exteriores libanês, Abdallah Bou Habib, disse que o aumento dos preços dos combustíveis e outras commodities estava agravando a crise em seu país.
"A guerra na Ucrânia deve parar a todo custo", disse ele, acrescentando que se isso não fosse possível, "as partes envolvidas (...) devem ser pressionadas para permitir a exportação segura de grãos e outras commodities sem qualquer demora". "O mundo não pode continuar à mercê de crises militares na Europa ou em outras partes do mundo", concluiu o diplomata libanês.
Rússia minimiza importância de cereais ucranianos
"Não devemos exagerar a importância da influência das reservas de grãos ucranianas nos mercados internacionais", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos repórteres.
"É uma porcentagem muito pequena para ter um impacto significativo na crise alimentar mundial, que já havia começado anteriormente", acrescentou ele. Peskov disse que a crise se devia a "uma cadeia de eventos e ações mal conduzidas por governos de todo o mundo". Ele não especificou a que estava se referindo.
Anteriormente, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, em visita a Ancara, também disse que a ofensiva russa na Ucrânia "não é a causa ou o catalisador da crise alimentar".
"Temos prestado muita atenção ao problema das exportações de grãos ucranianos, que nossos colegas ocidentais e os ucranianos estão tentando apresentar como uma crise universal, enquanto, na verdade, representa menos de 1% da produção mundial de trigo e outros grãos", disse ele.
Desde o início do conflito, o aumento dos preços dos grãos e do petróleo elevou os preços acima dos atingidos durante a primavera árabe de 2011 e os "tumultos alimentares" de 2008.
Principal operador no mercado de grãos, quarto maior exportador mundial de trigo e terceiro maior exportador de milho, a Ucrânia não pode mais escoar sua produção através de seus portos do Mar Negro por causa da ofensiva russa.
Antes do conflito, Kiev exportava 12% do trigo do mundo, 15% do seu milho e 50% do seu óleo de girassol a cada mês. Segundo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, entre 20 e 25 milhões de toneladas de grãos estão bloqueados, e esta quantidade poderia aumentar para 70-75 milhões de toneladas no outono do Hemisfério Norte.
Para a temporada 2021/22, a Ucrânia exportou 20 milhões de toneladas de trigo e 27,5 milhões de toneladas de milho, de acordo com o relatório World Argicultural Supply and Demand Estimates (WASDE) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
(Com informações da AFP)
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