'Estamos todos morrendo de fome': manifestantes exigem saída de premiê no Haiti
Como nas cidades haitianas de Port-au-Prince e Cayes, Gonaïves acordou sob tensão na segunda-feira (22). Muitos cidadãos saíram às ruas para denunciar o alto custo de vida, o forte aumento do valor do dólar norte-americano em relação ao gourde haitiano, e para exigir a saída imediata do primeiro-ministro Ariel Henry.
Ronel Paul, correspondente da RFI no Haiti
Todas as atividades comerciais estão paralisadas em Gonaïves, uma cidade coberta de fumaça preta, com barricadas incendiadas erguidas em cada esquina. No caminho, os manifestantes continuam repetindo o slogan "se os preços das necessidades básicas não forem reduzidos, a escola não reabrirá em setembro".
Camiseta branca no pescoço, chapéu de palha na cabeça, um homem expressa sua frustração. "Hoje estamos nas ruas para enviar um sinal para as autoridades", diz ele. "Amanhã estaremos novamente nas ruas. Todas as lojas devem manter suas portas fechadas. Exigimos a partida de Ariel Henry. Depois de mais de um ano no poder, ele não fez nada por nós. Ele disse que poderia realizar eleições, mas ainda não houve eleições. E se não houver eleições, o país não irá a lugar algum", declarou com irritação à RFI.
"Estamos todos morrendo de fome"
No meio de um grupo de manifestantes, no fundo da multidão, uma mãe solteira de oito filhos não consegue se acalmar. "Quando se tem 1.000 gourdes no bolso, não se pode comprar nada com isso. Estamos todos morrendo de fome. Não podemos mais comprar uma barra de sabão para lavar roupa por menos de 60 gourdes, um quilo de detergente é vendido por 80 gourdes. Meus filhos estão andando pelas ruas com roupas sujas. Não há trabalho no país. Temos que colocar fogo em tudo para tirar Ariel Henry do poder", diz.
Sentado no guidão de sua motocicleta, acompanhado por um colega, um cidadão diz não poder mais aceitar estas condições de vida. "Imagine, os diretores da escola estão anunciando a reabertura das aulas em 5 de setembro. Mas eles aumentaram as mensalidades escolares. O que os pais vão fazer para pagar?", exaspera-se.
Os manifestantes deram às autoridades até sexta-feira (26) para responder às suas exigências, sem o que ameaçam vandalizar as lojas e estabelecimentos comerciais.
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