Zona do euro desacelera e registra inflação recorde em outubro
A economia da zona do euro - o grupo das 19 economias europeias que compartilham a moeda comum - encerrou o terceiro trimestre do ano em desaceleração e registrou inflação recorde em outubro.
De acordo com a agência europeia de estatísticas Eurostat, o Produto Interno Bruto (PIB) da Eurozona registrou crescimento de apenas 0,2% no terceiro trimestre. A desaceleração é considerável em relação ao resultado do segundo trimestre, de expansão de 0,8%, após um desempenho de 0,6% no primeiro trimestre.
O Eurostat destacou que este crescimento de apenas 0,2% vale também para o bloco geral da União Europeia, ou seja, incluindo os países que não adotam o euro como moeda comum. No trimestre anterior, a economia geral da UE cresceu 0,7%, de acordo com o Eurostat, que também informou que a inflação na zona fechou o mês de outubro em 10,7%, um novo recorde.
Em setembro, o índice de inflação medido pela Eurostat foi de 9,9% (inicialmente estimado em 10,0%). Das principais economias da zona euro, a Alemanha teve uma inflação elevada, de 11,5% interanual, enquanto a Espanha registrou 7,3%.
A França registrou a menor inflação da zona do euro em outubro, com 7,1%, embora os países bálticos estejam no outro extremo: a Letônia teve 21,8%, a Lituânia 22,0% e a Estônia teve a maior taxa do bloco, 22,4%.
Inflação descontrolada
O Eurostat salientou que, como acontece há vários meses, a inflação desencadeada é impulsionada pelos fortes aumentos dos preços da energia, que em outubro atingiram 41,9%, contra 40,7% em setembro.
Todos os outros componentes da inflação também aumentaram. O segmento de alimentos (que inclui também álcool e tabaco) cresceu 13,1%, contra 11,8% em setembro. Os bens industriais sem uso de energia aumentaram 6,0%, contra 5,5% um mês antes, e os serviços 4,4%, contra 4,3% em setembro.
O Banco Central Europeu (BCE), que no início do ano trabalhava com uma expectativa de inflação "próxima, mas inferior" a 2% em 2022, sofreu forte pressão devido ao aumento descontrolado dos preços.
Na semana passada, o BCE aumentou as suas taxas de juros em 0,75 ponto percentual, passando assim de 1,5% para 2,25%, e deixou em aberto a possibilidade de novos aumentos.
Crise energética
O bloco europeu enfrenta uma mistura de crescimento muito baixo e inflação alta, combinação intensificada por uma grave crise energética e a continuação da guerra na Ucrânia, que tem efeitos em todo o continente.
Para os economistas da consultoria Oxford Economics, uma recessão na região é inevitável. "Com tantos dados em território negativo, trata-se de saber quão profunda será a recessão", afirmaram. Para os especialistas, o fraco resultado do terceiro trimestre foi um pouco melhor do que o esperado, mas "uma recessão para o inverno [no hemisfério norte] é iminente".
A gravidade do panorama, observaram analistas da Oxford Economics, também se estende aos esforços para controlar a inflação. "As divergências nas taxas de inflação nos países da zona do euro estão se intensificando, e isso torna as coisas mais sérias em termos de política monetária", destacaram.
(Com informações da AFP)
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