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Otan realiza reunião de emergência após a queda de dois mísseis russos na Polônia

Segundo imprensa internacional e fontes norte-americanas, míssil disparado pela Rússia atingiu vilarejo polonês - Kurier Lubelski/Nexta TV
Segundo imprensa internacional e fontes norte-americanas, míssil disparado pela Rússia atingiu vilarejo polonês Imagem: Kurier Lubelski/Nexta TV

RFI

16/11/2022 05h53

A Polônia segue em estado de alerta nesta quarta-feira (16), depois da queda de um míssil de fabricação russa, em seu território na tarde de terça-feira (15), matando dois civis. Uma reunião será realizada em caráter de urgência nesta manhã entre os embaixadores da Otan. Segundo o presidente polonês, Andrzej Duda, uma investigação está sendo realizada.

Com informações de Martin Chabal, correspondente da RFI em Varsóvia, e agências

Pela segunda vez em poucas horas, a Polônia reunirá um conselho de segurança para tratar das explosões da véspera. "O conselho analisa atualmente as informações compartilhadas até o momento com os comandantes [das Forças Armadas polonesas], chefes de serviços de inteligência e aliados", escreveu no Twitter, o chefe do escritório da segurança nacional, Jacek Siewier.

Apesar de terem confirmado a origem russa dos mísseis, a Polônia, que é membro da Otan, não conta com nenhuma prova sobre a autoria dos tiros, indicou Andrzej Duda nesta manhã. O presidente americano, Joe Biden, afirma ser "improvável que os disparos tenham vindo da Rússia. Autoridades americanas, citadas pela agência Associated Press, indicaram que o projétil teria sido atirado pelas forças ucranianas contra um míssil russo detectado nas proximidades.

Moscou classificou de "provocação intencional" as acusações sobre as origens dos disparos. O Ministério da Defesa da Rússia denunciou a intenção "de criar uma escalada da situação".

"Nenhum bombardeio foi realizado contra alvos próximos da fronteira ucraniana-polonesa" pelo exército russo, indicou Moscou no Telegram. As imagens publicadas nas redes sociais polonesas "não têm nenhuma relação" com um ataque da Rússia, reiterou a mensagem.

A Ucrânia acusa o governo russo desde a noite de terça-feira de estar por trás dos disparos. Em videoconferência durante a cúpula do G20, realizada neste momento na Indonésia, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou a apontar a Rússia como a responsável pelas explosões, como já havia feito na noite de terça-feira. "Há um Estado terrorista entre vocês contra quem é preciso se defender", advertiu.

O que se sabe até o momento

Segundo a imprensa polonesa, duas explosões foram ouvidas na cidade de Przewodów, no sudeste da Polônia, perto da fronteira com a Ucrânia, um pouco antes das 16h de quarta-feira (15). Em uma foto que viralizou nas redes sociais, uma cratera é vista perto de um trator na região de uma usina de cereais atingida.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, reuniu rapidamente um conselho de segurança de emergência na noite de terça-feira, mas logo depois anunciou que não havia sido possível chegar a nenhuma conclusão sobre a origem do bombardeio. "Garantimos que vamos determinar o que ocorreu exatamente", reiterou Duda.

Na cidade onde os dois mísseis caíram, as forças de ordem bloquearam o acesso à cratera e isolaram a região. Investigadores trabalharam a madrugada inteira no local.

A Polônia, que tem fronteira com a Ucrânia e é membro da Otan, conta com cerca de 10 mil militares americanos em seu território. O artigo 5 do tratado da aliança atlântica afirma que se um país membro é vítima de um ataque armado, as outras nações podem tomar as medidas necessárias para retaliar.

Solidariedade e prudência

Vários países ocidentais expressaram seu apoio à Polônia. Para o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, "é absolutamente preciso evitar uma escalada da guerra na Ucrânia".

A França fez um apelo por "prudência" e lembrou que "vários países" do leste europeu dispõem do mesmo tipo de míssil. Já o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, convocou um conselho de defesa em seu país.

A China, principal aliada da Rússia, pediu "calma" a todas as partes envolvidas para evitar uma escalada de violência. "A posição da China sobre a questão ucraniana é a mesma desde o início e ela é clara: a prioridade absoluta é de realizar um diálogo e negociações para resolver a crise de maneira pacífica", afirmou o Ministério das Relações Exteriores do país.