Japão: países do G7 se prometem acelerar saída das energias fósseis e acabar com poluição plástica
Reunidos em Sapporo, no norte do Japão, ministros da Energia, Clima e do Meio Ambiente dos países do G7 se engajaram neste domingo (16) a acelerar a saída das energias fósseis em todos os setores. As nações do grupo também prometeram reduzir a zero a poluição plástica até 2040.
Em comunicado emitido no final do encontro, os países participantes do evento - Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Canadá e Japão - explicaram que a promessa de saída das energias fósseis (petróleo, gás e carvão) não envolve as que estão associadas a dispositivos de captura e armazenamento de CO2. Mas, para isso, as sete maiores potências não estabeleceram um calendário específico, apenas mencionam 2050 "no mais tardar".
O impasse também foi verificado no abandono da utilização do carvão no setor da eletricidade. Os ministros não conseguiram alcançar um compromisso sobre a questão, embora o Reino Unido, apoiado pela França, tenha proposto 2030 como data limite.
Zero poluição plástica
No nível ambiental, os países do G7 prometeram zerar a poluição plástica até 2040, graças à economia circular, a redução ou o abandono da produção de plásticos não recicláveis. Alemanha, França, União Europeia, Reino Unido e Canadá já integram uma coalizão internacional que se engajaram, no ano passado, a cumprir esse compromisso. No entanto, essa é a primeira vez que Estados Unidos, Japão e Itália aceitam o desafio.
Trata-se de um "sinal forte" antes da próxima sessão de negociação de um tratado internacional sobre o plástico, prevista para ocorrer no final de maio em Paris, indicou o ministro francês da Transição Ecológica, Christophe Béchu.
A questão crucial é a quantidade de lixo plástico, que dobrou no mundo inteiro nos últimos 20 anos. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 9% destes dejetos são recicláveis. Já a ONU alerta que a quantidade de plástico nos oceanos deve triplicar até 2040.
Relatório alarmante
Os membros do G7 foram desafiados a se unirem e se engajarem após um último relatório alarmante do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC, na sigla em inglês), publicado em março. Segundo o grupo, o aquecimento global causado pela atividade humana atingirá 1,5°C em relação à era pré-industrial a partir de 2030 - o que coloca ainda mais em perigo o Acordo de Paris, assinado em 2015.
Para evitar esse cenário, as sete maiores potências do mundo reafirmaram neste domingo seu compromisso de tentar reunir US$ 100 bilhões por ano para ajudar os países emergentes a lutar contra o problema. Com o objetivo de tentar angariar financiamento às nações mais desfavorecidas, uma cúpula deve ser realizada no final de junho em Paris.
Devido ao tenso contexto político ligado à guerra na Ucrânia e o posicionamento conservador do Japão sobre o gás natural, ONGs estavam céticas quanto a resultados concretos da reunião em Sapporo. O G7 reconheceu que os investimentos no gás natural poderiam ser "apropriados" para ajudar alguns países a atravessar a crise atual, mas sublinhou a prioridade de uma transição energética limpa.
A proposta japonesa de reconhecer a amônia e o hidrogênio como combustíveis verdes para algumas de suas centrais de carvão e gás foi vista com cautela. Os ministros insistiram que essas tecnologias devem ser desenvolvidas a partir de fontes "de baixo carbono e renováveis".
O chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, saudou a iniciativa do evento que, segundo ele "combinou preocupações sobre a segurança energética, fornecendo orientações diante da crise climática". No entanto, ativistas ambientais expressaram sua decepção: para Daniel Read, do Greenpeace, os anúncios do G7 "ainda carecem de ambição".
(Com informações da AFP)
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