Quase 30 anos depois, Trump deverá pagar US$ 5 milhões a jornalista por abuso sexual
O ex-presidente americano Donald Trump foi condenado por abuso sexual e difamação contra a ex-jornalista E. Jean Caroll, nos anos 1990. A decisão foi anunciada nesta terça-feira (9) por um júri de um tribunal federal de Nova York. Trump terá que pagar uma indenização de US$ 5 milhões (cerca de R$ 25 milhões).
Os nove jurados decidiram, por unanimidade, que o ex-presidente foi responsável por abuso sexual e difamação contra a ex-colunista da revista Elle, mas não de estupro. Acusado apenas no âmbito civil e não criminal, Trump considerou a sentença "uma vergonha".
"Não tenho absolutamente nenhuma ideia de quem é esta mulher", escreveu em sua rede Truth Social. Em 2019, a jornalista revelou o caso em um livro. Segundo Caroll, que hoje tem 79 anos, o ex-presidente a teria estuprado no provador de uma loja em Nova York, em 1996.
A jornalista recorreu a uma lei promulgada em novembro no estado de Nova York que deu às vítimas de agressões sexuais o prazo de um ano para processar seus supostos agressores por abusos que já estavam prescritos.
"Hoje, o mundo conhece a verdade. Esta vitória não é só minha, mas de todas as mulheres que sofreram porque não acreditaram nelas", disse Caroll em nota, na qual explicou o porquê de abrir o processo: "para limpar meu nome e recuperar a minha vida".
"Ninguém está acima da lei, nem mesmo o ex-presidente dos Estados Unidos", declarou sua advogada, Roberta Klapan.
Ao ouvir a decisão, Caroll, emocionada, abraçou seus três advogados. O responsável pela defesa de Trump, Joe Tacopina, se dispôs a apertar sua mão. Em seguida, a ex-jornalista deixou as dependências do tribunal com um sorriso no rosto, sem fazer declarações. "Estamos muito felizes", declarou sua advogada.
Trauma
Durante o julgamento, que durou duas semanas, a ex-jornalista reconheceu que se sentiu "envergonhada" pelo abuso que a traumatizou. "Levei muito tempo para entender que permanecer em silêncio não funciona", disse.
Outras duas mulheres, que alegaram ter sido vítimas de abuso sexual por parte de Trump, testemunharam no julgamento.
Uma delas, a executiva Jessica Leeds, disse na corte que Trump a tocou em um voo doméstico na classe executiva na década de 1970, enquanto a segunda, a jornalista Natasha Stoynoff, garantiu que o magnata lhe deu um beijo forçado durante uma entrevista em sua mansão em Mar-a-Lago em 2005.
Mais de dez mulheres acusaram Trump de abuso sexual antes das eleições que o elegeram presidente dos Estados Unidos em 2016. O republicano, que quer voltar à Casa Branca em 2024, sempre negou as acusações e jamais havia sido condenado pela Justiça até agora.
Trump ausente
Trump não foi interrogado presencialmente durante o julgamento, e sua defesa não convocou nenhuma testemunha. De acordo com seus advogados, Caroll inventou o caso, movida por "dinheiro, razões políticas e status".
O ex-presidente enfrenta outros processos. No mês passado, ele declarou-se inocente em um caso relacionado com o pagamento de suborno para comprar o silêncio de uma atriz pornô pouco antes da eleição de 2016.
O magnata também está sendo investigado por seus esforços para reverter sua derrota no pleito de 2020 no estado da Geórgia, pelo suposto manuseio incorreto de documentos classificados retirados da Casa Branca e seu envolvimento na invasão do Capitólio por seus simpatizantes em 6 de janeiro de 2021.
(Com AFP)
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