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Eleições na Turquia: Erdogan é favorito para continuar no poder

Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, é favorito nas eleições presidenciais deste domingo - Presidential Press Office/Handout via REUTERS
Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, é favorito nas eleições presidenciais deste domingo Imagem: Presidential Press Office/Handout via REUTERS

28/05/2023 10h05

A Turquia realiza neste domingo (28) o segundo turno das eleições presidenciais entre o presidente que busca se manter no cargo por mais cinco anos, Recep Tayyip Erdogan, e o candidato da oposição, Kemal Kiliçdaroglu. Erdogan, considerado favorito após duas décadas no poder, levou vantagem no primeiro turno e está bem posicionado para vencer.

As urnas abriram às 7h, horário de Paris (2h em Brasília) e fecharão às 16h (11h). A votação acontece com tranquilidade, apesar de raros incidentes. Em um vilarejo na província de Urfa, no sudeste do país, um deputado do partido de Kemal Kiliçdaroglu e alguns observadores foram espancados depois de denunciarem que homens votavam no lugar de suas esposas.

Como havia prometido, a oposição parece melhor organizada do que no primeiro turno para acompanhar a votação. Em uma seção eleitoral em Istambul, havia pelo menos uma dúzia de observadores esta manhã, contra cinco ou seis no mesmo local, no primeiro turno.

Nas escolas, não havia filas muito longas. Como há apenas uma cédula com dois candidatos, os eleitores passam muito pouco tempo na cabine de votação. A apuração também deverá ser muito mais rápida do que no primeiro turno, conforme a previsão do Conselho Superior Eleitoral, que acredita ter os primeiros resultados por volta das 18h30, horário local, 17h30 pelo horário de Paris (12h30 de Brasília).

No primeiro turno, os resultados tardios deixaram o país de 85 milhões de habitantes em "suspense", antes de concederem a Erdogan 49,5% dos votos, contra 44,9% de Kiliçdaroglu, candidato de uma ampla aliança de seis partidos.

No distrito de Kasimpasar, em Istambul, os correspondentes da RFI conversaram com três amigos que tomavam chá, após a votação. A atmosfera não era festiva para esses turcos de minoria curda que dizem se sentir "discriminados" na Turquia. Todos votaram em Kiliçdaroglu, sem convicção, para dizer não a Recep Tayyip Erdogan. "É muito deprimente, sentimos uma redução das nossas liberdades, e isso foi agravado pela crise econômica. Está difícil comer, comprar remédios. Não temos mais perspectivas", relatam.

Em Ancara, Mehmet Emin Ayaz, um empresário de 64 anos, considera "importante preservar o que foi adquirido nos últimos vinte anos na Turquia" sob a era Erdogan.

Por outro lado, para Aysen Gunday, aposentada de 61 anos, "estas eleições são um referendo" e ela escolheu Kemal Kiliçdaroglu.

Candidatos convocam a população a votar

O presidente em fim de mandato, Recep Tayyip Erdogan, votou em Istambul esta manhã acompanhado de sua esposa. Ele estimou que a votação será concluída rapidamente. "Nenhum país tem taxas de participação de 90%, mas a Turquia quase alcançou. Peço aos meus concidadãos que venham votar sem fraquejar", ??convocou o chefe de Estado, após votar no conservador distrito de Usküdar.

O candidato da oposição, Kemal Kiliçdaroglu, votou em Ancara, numa escola primária argentina. No meio da multidão que o esperava, estava um aposentado que leu um poema escrito para o político.

Na saída, o candidato apelou aos concidadãos que votassem para fazer "chegar a este país a verdadeira democracia e liberdade, para acabar com um regime autoritário". Ele também pediu que os eleitores para que ficassem perto das urnas após o encerramento da votação, "porque esta eleição ocorreu em condições muito difíceis", disse Kiliçdaroglu. "Todos os tipos de difamação e calúnia foram proferidos, mas confio no bom senso dos cidadãos. A democracia vai chegar com certeza a este país, a liberdade vai chegar", assegurou aos correligionários que o aplaudiram.

Erdogan e Kiliçdaroglu têm duas visões distintas para o país: estabilidade com risco de autocracia no caso de Erdogan, um islamoconservador de 69 anos; ou o retorno a uma democracia pacífica, segundo as palavras de seu adversário, Kiliçdaroglu, um ex-funcionário público de 74 anos.

(Com informações da RFI e da AFP)