Airbus fecha maior contrato da história da aviação na abertura do Paris Air Show
Após quatro anos de ausência devido à pandemia de Covid-19, a maior feira aeroespacial do mundo - o Paris Air Show ou Salão de Le Bourget - foi aberta nesta segunda-feira (19) a profissionais do setor. Com a participação de 2.500 expositores, o evento pretende confirmar a recuperação econômica da aviação e servirá de vitrine às tecnologias em desenvolvimento para descarbonizar os aviões.
Já no primeiro dia do evento, o fabricante europeu Airbus fechou a maior encomenda de todos os tempos da aviação civil: o fornecimento de 500 aeronaves A320neo para a companhia aérea indiana de baixo custo IndiGo. O contrato "histórico", de um montante estimado em US$ 55 bilhões, tem entregas previstas entre 2030 e 2035, em um momento em que a Índia está prevendo uma explosão nas viagens aéreas no país.
O presidente francês, Emmanuel Macron, inaugurou esta 54ª edição da feira, depois de ter anunciado na sexta-feira (16) um plano de € 2,2 bilhões para apoiar o desenvolvimento de tecnologias e reduzir a pegada de carbono das aeronaves. O pacote inclui o desenvolvimento de combustíveis de aviação sustentáveis (SAF), o principal meio de reduzir as emissões de CO2.
Durante a visita, ao ser questionado sobre os pedidos para reduzir o uso de aviões por motivos ecológicos, Macron defendeu um modelo econômico e social baseado na "inovação", na "estratégia industrial" e também no "bom senso", para alcançar uma "sobriedade" ecológica "razoável", "transparente" e "não punitiva", em oposição a um sistema em que, segundo ele, obrigaria a "desistir do crescimento".
"Não acho que seja razoável dizer 'temos que parar tudo e desistir do crescimento'", acrescentou. O presidente francês defendeu a "criação de riqueza" para, em suas palavras, "financiar a inovação necessária para descarbonizar".
O retorno do salão está nas manchetes da imprensa francesa desta segunda-feira. O jornal Les Echos nota um clima de empolgação em torno da feira, com a presença de 400 startups e a apresentação de "drones de todos os tamanhos, táxis voadores, microssatélites, dirigíveis e pequenos aviões elétricos". O diário Le Figaro também chama a atenção para o aumento dos gastos dos governos com a segurança do espaço aéreo, devido às tensões geopolíticas.
Rússia ausente
Os expositores americanos vieram em peso, mas não a Rússia, considerada persona non grata devido às sanções impostas após a invasão da Ucrânia. A China, que se prepara para competir com os líderes Boeing e Airbus, também está representada, mas ainda não exibe em Paris seu modelo COMAC C919, de fuselagem estreita, que pretende competir com o A320neo e o Boeing 737 MAX, os aviões de média distância mais utilizados no planeta. A Embraer deve confirmar novos clientes para os jatos E2.
A aviação é responsável por 5% a 6% das emissões de gases implicados no aquecimento global. Diante das críticas, os representantes dos 193 estados-membros da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), uma agência da ONU, chegaram a um acordo histórico em outubro passado com o objetivo de alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
Até domingo (25), espera-se que mais de 320.000 visitantes compareçam ao aeroporto de Le Bourget, ao norte de Paris. Os primeiros quatro dias da feira são reservados para profissionais; o público poderá visitá-la a partir de sexta-feira (23).
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