França proíbe que alunos usem túnica muçulmana nas escolas
A discussão em torno da proibição da túnica muçulmana abaya nos estabecimentos de ensino, anunciada pelo novo ministro francês da Educação, Gabriel Attal, ganhou destaque nos jornais franceses desta segunda-feira (28). A decisão foi tomada após a constatação do aumento do número de alunos que usavam a vestimenta, principalmente no ensino fundamental e médio.
"Decidi que o uso da abaya será proibido na escola", respondeu categórico o ministro em uma entrevista ao canal TF1, na noite de domingo (27). "Quando entramos em uma sala de aula, não devemos ser capazes de identificar a religião dos alunos olhando para ele", explicou.
A lei que proíbe o uso de símbolos religiosos nos estabelecimentos de ensino franceses, adotada em março de 2004, garante a aplicação do princípio da laicidade no país.
De acordo com o jornal Le Figaro, a declaração de Attal atende às expectativas de diretores, professores e outros profissionais, que aguardavam um posicionamento do governo francês sobre a questão. Até agora, cabia a eles a decisão de aceitar ou recusar o uso da vestimenta nos colégios.
Com a medida, Gabriel Attal, nomeado para a pasta da Educação em julho desde ano, mostra, a poucos dias da volta às aulas na França, que o Estado laico é um valor da República Francesa, e representa "uma liberdade", segundo o site do jornal Libération.
Na última quinta-feira (24), ele já havia declarado que "onde a República é colocada à prova, nós devemos nos unir".
? "L'abaya ne pourra plus être portée à l'école", annonce @GabrielAttal, ministre de l'Éducation nationale et de la Jeunesse
? TF1Info (@TF1Info) August 27, 2023
? #LE20H d'@ACCoudray pic.twitter.com/93bIbkSd02
Regra "necessária e justa"
O Le Monde enfatiza a regra "necessária e justa", na opinião de Attal, estaria alinhada com outras medidas adotadas recentemente na França, com o propósito de afirmar o princípio da laicidade. O ministro da Educação anterior, Pap Ndiaye, havia deixado a decisão a critério de cada estabelecimento de ensino.
A dúvida, questiona o jornal francês, é se a túnica típica, usada em países do norte da África e árabes por homens e mulheres, representa uma referência religiosa, contrária à lei do país.
O Conselho Francês de Culto Muçulmano (CFCM) declarou em junho que a abaya é uma vestimenta cultural, mas o debate continua, lembra o Le Parisien.
O sociólogo Jean Baubérot, entrevistado pelo diário da capital, acredita que a decisão do governo é "uma concepção punitiva da laicidade", que vai acabar sendo desconsiderada, mal compreendida e irá se somar a uma série de proibições. "Focar na roupa vai além da lei sobre a laicidade que proíbe o porte de símbolos religiosos", adverte o especialista.
18 comentários
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Anderson Batista de Souza
Vai andar de shortinho e camiseta de alcinha no Irã, na Arábia Saudita ou no Afeganistão pra ver o que te acontece... Decisão certíssima!! Em escola, tem que se usar uniforme e não o que cada um quer!
Mauricio Novaes
A França está corretíssima. Além de ser um Estado laico, admitir vestimentas religiosas no sistema de ensina vai contra a cultura do país que recebe os imigrantes. Todavia, são estes que têm que se adaptar ao país que os recebe. Se vou para casa dos outros, devo me adaptar às regras da nova casa. É uma questão até de educação. Sem contar que, para nós, o islamismo representa um retrocesso cultural e religioso, em que a mulher é posta em plano inferior ao homem.
Daniel de Castro Ribeiro
Parabéns ao ministro da educação francês. Se eles querem viver no ocidente que se a adaptem aos costumes ocidentais. Ou podem voltar para os seus países de origem e aproveitar a liberdade que é típica destes países.