Israel atinge mais de 600 alvos em 24 horas e diz ter eliminado "dezenas de terroristas"

As Forças Armadas israelenses afirmaram nesta segunda-feira (30) terem atingido mais de 600 alvos na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas. Em comunicado, o Exército também indicou que matou dezenas de combatentes no enclave palestino.

Os bombardeios visaram "depósitos de armas, dezenas de posições de lançamento de mísseis antitanque e esconderijos usados ??pela organização terrorista Hamas", afirma o comunicado. 

O informe também indica que "as tropas israelenses mataram dezenas de terroristas escondidos em barricadas em prédios e túneis. Um avião bombardeou um prédio "com mais de 20 terroristas do Hamas no interior", indica.

Violentos combates terrestres

Soldados israelenses e membros do Hamas protagonizaram na noite de domingo (30) para segunda violentos combates terrestres no norte do enclave palestino pela terceira noite consecutiva. Tanques de Israel entraram em um bairro nas imediações da Cidade de Gaza, bloqueando a estrada principal que leva até o sul do território. 

As operações em solo ocorrem paralelamente aos bombardeios que se intensificaram desde a sexta-feira (27). No domingo (29), o Estado hebreu anunciou ter aumentado a quantidade de tropas dentro da Faixa de Gaza e ampliado de "maneira significativa" as batalhas dentro do enclave, com o objetivo de "aniquilar" o Hamas. 

Os ataques do grupo em 7 de outubro deixaram mais de 1.400 mortos em 7 de outubro, a maioria civis. O Ministério da Saúde palestino, controlado pelo Hamas, indicou nesta segunda-feira que mais de 8,3 mil pessoas foram mortas desde o início da retaliação israelense. Entre os óbitos, há 3.457 crianças e 2.136 mulheres. 

O conflito se estende à Cisjordânia, onde cerca de 120 palestinos foram mortos em confrontos com soldados e colonos israelenses. Nesta segunda-feira, quatro palestinos morreram em uma operação do exército de Israel em Jenin, no norte do território. 

O governo da Alemanha pediu nesta segunda-feira que Tel Aviv proteja a população da Cisjordânia de "colonos extremistas". O Ministério das Relações Exteriores alemão afirma "condenar claramente essas violências que levam à morte de vários civis". 

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Pressão aumenta contra Israel

Após um raro e unânime silêncio dos líderes ocidentais no sábado, a Noruega classificou a resposta do exército israelense na Faixa de Gaza de "desproporcional" no domingo. Já os Estados Unidos, tradicional aliado de Israel, pediu ao país para "distinguir" membros do Hamas dos civis palestinos nas operações no enclave.

Já o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e o presidente francês, Emmanuel Macron, conversaram por telefone e enfatizaram a necessidade de "apoio humanitário urgente para Gaza" após a intensificação dos ataques israelenses em Gaza. Segundo um comunicado do gabinete do premiê do Reino Unido, também foi abordada a preocupação com o "risco de escalada na região, particularmente na Cisjordânia". Macron e Sunak concordaram com a necessidade de "não perder de vista o futuro de longo prazo da região, em particular a necessidade de uma solução de dois Estados", segundo a nota.

No sábado, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou Israel de "crimes de guerra" e afirmou que as potências ocidentais são "as principais culpadas dos massacres em Gaza", responsabilizando-as por "criarem uma atmosfera de cruzadas" contra os muçulmanos. A fala do líder turco irritou as autoridades israelenses que anunciaram o repatriamento de seus diplomatas na Turquia. 

Cessar-fogo e ajuda humanitária

Pedidos por cessar-fogo e manifestações pelo mundo em apoio ao povo palestino se multiplicaram no fim de semana. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou no domingo para o estado de calamidade do enclave e várias organizações humanitárias reforçaram os pedidos de ajuda à população do enclave sob o cerco de Israel.

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No sábado, pessoas famintas e desesperadas saquearam depósitos da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (Unrwa) nas regiões central e sul de Gaza. Para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (Unrwa, sigla em inglês), esse é um sinal que a ordem pública começa a entrar em colapso no enclave.

"As pessoas estão amedrontadas, frustradas, desesperadas", disse o diretor de operações da Unrwa em Gaza, Thomas White. "Produtos alimentícios se esgotam nos mercados, enquanto a ajuda humanitária que chega por meio de caminhões vindos do Egito é insuficiente. A população passa por muitas necessidades: faltam produtos básicos e necessários para a sobrevivência, enquanto a ajuda que chega é escassa e inconsistente", reiterou.

Um comboio de 33 caminhões levando alimentos, medicamentos e água puderam entrar na Faixa de Gaza no domingo através da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito. Esse é o maior carregamento de suprimentos enviado ao enclave palestino desde o início da nova fase do conflito entre Israel e o Hamas. Mas, para a ONU, que teme "uma nova degradação da situação humanitária já desastrosa" no local, essa ajuda é insuficiente. Calcula-se que mais de um milhão de pessoas estão em situação de insegurança alimentar no território.

O Egito fez um apelo por uma ação internacional "séria e coordenada" para implementar uma trégua humanitária imediata em Gaza. O ministro das Relações Exteriores do país, Sameh Shoukry, se reuniu no domingo com o enviado especial dos Estados Unidos para Questões Humanitárias no Médio Oriente, David Satterfield, e também conversou por telefone com o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk. Shoukry pede o fim dos obstáculos impostos por Israel na passagem dos comboios.

Segundo o procurador-geral do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, "impedir o acesso à ajuda humanitária pode constituir um crime". Em Rafah, no domingo, ele afirmou a jornalistas que "Israel precisa garantir sem demora que civis recebam alimentos e medicamentos".

(Com informações da AFP)

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