'Rei das criptomoedas' é condenado nos EUA e pode pegar 110 anos de prisão
Acusado de fraude, conspiração criminosa e lavagem de dinheiro, a então estrela das criptomoedas Sam Bankman-Fried foi considerado culpado ontem (2) por um júri de Nova York, nos Estados Unidos, das sete acusações apresentadas contra ele, após cinco semanas de julgamento.
Também conhecido por "SBF", e "rei das criptomoedas", o jovem investidor de 31 anos pode pegar até 110 anos de prisão. O juiz federal Lewis Kaplan pronunciará sua sentença em 28 de março.
O que aconteceu
Após quase cinco horas de deliberação, o júri o considerou culpado de utilizar fundos depositados por clientes de sua plataforma de troca de criptomoedas FTX, que faliu em novembro de 2022, sem o conhecimento deles.
O dinheiro serviu a negociações de risco e a investimentos da sua empresa, Alameda Research, com empréstimos da FTX que chegaram a cerca de R$ 14 bilhões.
"Sam Bankman-Fried cometeu uma das maiores fraudes financeiras da história americana", declarou o promotor federal de Manhattan, Damian Williams, após a leitura do veredito. "Um esquema multibilionário projetado para torná-lo o rei da criptografia."
A decisão é considerada um sucesso para a acusação, que se baseou nos testemunhos de três dos antigos colaboradores próximos a Bankman-Fried, incluindo sua ex-namorada.
Todos alegaram que agiram sob a direção do antigo chefe, que seria responsável por todas as decisões que permitiram a apropriação indébita de dinheiro dos clientes e os riscos assumidos por parte da Alameda.
'Boa-fé'
O ex-bilionário, cuja fortuna desapareceu com a implosão da FTX e da Alameda, alegou boa-fé, apresentando-se como um jovem empresário sem experiência e não como um criminoso. Ele admitiu ter cometido "grandes erros", mas negou ter violado a lei conscientemente.
Durante a audiência, seu advogado, Mark Cohen, acusou o procurador de o apresentar como um "monstro" e um "bandido". O réu preferiu testemunhar em seu julgamento, uma iniciativa rara, por ser considerada muito arriscada.
Mas a audiência, em vez de fortalecê-lo, o enfraqueceu ainda mais, com o antigo "rei das criptomoedas" se mostrando defensivo e desarticulado diante das perguntas da promotoria.
Sam Bankman-Fried também tentou incriminar seus ex-colegas, ora os acusando de incompetência, ora de o terem avisado muito tarde ou de forma insuficiente sobre a situação financeira da Alameda.
"Respeitamos a decisão do júri, mas estamos muito decepcionados com o resultado", respondeu Mark Cohen. "Bankman-Fried afirma que é inocente e continuará a contestar vigorosamente as acusações contra ele."
'A corrupção é tão antiga quanto o tempo'
A falência da FTX, ocorrida após seis meses de turbulências, penalizou o mundo das criptomoedas, que ainda se recupera deste abalo. "A indústria de criptomoedas pode ser recente, com novos players como Sam Bankman-Fried, mas esse tipo de fraude, a corrupção, é tão antiga quanto o tempo", comentou o promotor.
A configuração utilizada por SBF se diferenciou pela sua simplicidade da maioria das fraudes ocorridas no mundo das criptomoedas e que exigem uma certa sofisticação. "Sam Bankman-Fried pensava que estava acima da lei. O veredito de hoje prova que ele estava errado", revelou o ministro da Justiça, Merrick Garland.
Além da condenação, o ex-empresário e investidor é convocado para um segundo julgamento, no início de março, por suborno de agente estrangeiro e doação política ilegal. Ele é acusado de ter pago cerca de US$ 150 milhões (cerca de R$ 733 milhões na conversão direta) em subornos de autoridades chinesas.
Ele também é acusado de fazer doações a políticos com dinheiro proveniente de fundos de clientes da FTXc- mais precisamente, para a campanha presidencial de Joe Biden.
(Com informações da AFP)
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