Comissão Europeia cede a agricultores e apresenta flexibilização de exigências ambientais

A Comissão Europeia propôs, nesta quinta-feira (22), flexibilizar várias exigências ambientais para os agricultores e reduzir o número de fiscalizações, em uma tentativa de acalmar os protestos no setor agrícola que ocorrem em diversos países há quase dois meses.

Em nota, a comissão anunciou que enviou um documento à delegação da Bélgica, que ocupa a presidência rotativa do bloco, "descrevendo as primeiras medidas possíveis para ajudar a reduzir a carga administrativa dos agricultores".

O comissário europeu da Agricultura, Janusz Wojciechowski, afirmou na rede X que "a mensagem dos agricultores é clara: eles querem trabalhar nos seus campos, e não presos atrás de procedimentos". Por isso, acrescentou, "a Comissão [Europeia] identificou ações no nível da UE que poderiam ajudar a aliviar a carga administrativa sobre os agricultores, já nos próximos meses e anos".

Os produtores rurais iniciaram uma onda de protestos no começo de janeiro, da Espanha à Polônia, denunciando o que consideram um fardo excessivo de obrigações ambientais. A UE insiste que ouviu as queixas e iniciou um "diálogo estratégico" com representantes dos agricultores e da indústria agrícola, em uma tentativa de acalmar os ânimos e aliviar os protestos.

Quais são as medidas?

As propostas lançadas nesta quinta-feira serão discutidas pelos ministros da Agricultura da UE na segunda-feira (26). A comissão planeja alterar a forma como os controles funcionam, para reduzir em 50% o número de inspeções que os agricultores recebem.

Os agricultores de toda a Europa exigem o fim das restrições à produção agrícola, com medidas para reduzir a burocracia na agricultura, no contexto da Política Agrícola Comum (PAC).

A ideia é "racionalizar e melhorar a avaliação do monitoramento de superfície" graças à "análise automatizada de imagens" do programa europeu de satélites Copernicus, para "reduzir as inspeções nas explorações agrícolas" e "ajudar os agricultores a evitar erros".

Outra proposta visa isentar as pequenas explorações agrícolas com menos de 10 hectares dos controles ligados ao cumprimento das condições ambientais. A Comissão Europeia propõe, ainda, alterar as obrigações de manutenção de áreas dedicadas a pastagens permanentes, a fim de moderar a perda de rendimento que isso implica para antigos criadores convertidos para outras culturas.

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Outras obrigações ambientais impostas pelo novo PAC, aplicadas desde o início de 2023, poderão ser revistas. A expansão das práticas autorizadas no âmbito da obrigação de cobertura do solo "será examinada".

Seria concedida uma tolerância em caso de "força maior e circunstâncias excepcionais", a exemplo de episódios climáticos extremos como secas e inundações, que impeçam um agricultor de cumprir os requisitos da PAC. Ele não sofreria mais penalidades, como hoje.

"A comissão continua totalmente determinada a fornecer soluções para aliviar a pressão (...) e ajudar os nossos agricultores a garantir a segurança alimentar", salientou a presidente do Executivo europeu, Ursula von der Leyen.

Importações da Ucrânia

Outra das queixas dos agricultores é o impacto das importações de produtos agrícolas da Ucrânia. Neste sentido, a UE também fez concessões.

Na quarta-feira, os países da UE validaram a renovação da isenção tarifária, a partir de junho, sobre as importações procedentes da Ucrânia, mas o plano inclui mecanismos de salvaguardas para limitar o impacto da entrada destes produtos, em especial cereais, dentro do bloco europeu. O mecanismo inclui "medidas rápidas de correção" caso sejam verificadas perturbações no mercado da UE ou nos mercados nacionais dos países do bloco.

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Além disso, contempla um "freio de emergência" para estabilizar e limitar as importações de três produtos - aves, ovos e açúcar - aos níveis registrados em 2022 e 2023.

Com informações da AFP

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