Fevereiro teve recorde de emissões de CO2 em toda a região amazônica, mostra observatório europeu

Quase três mil incêndios foram registrados em fevereiro na Amazônia Legal, um recorde para essa época do ano. A imprensa francesa destaca nesta quinta-feira (29) dados divulgados na véspera pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mas também pelo programa europeu de observação da Terra Copernicus.

De acordo com imagens de satélite captadas pelo Inpe, 2.940 incêndios foram contabilizados ao longo do mês de fevereiro. Isso represente "67% a mais do que os 1.761 incêndios registrados em fevereiro de 2007, o recorde precedente", afirma o  jornal Le Figaro

Já a revista L'Obs ressalta que "a maior floresta tropical do planeta é um dos ecossistemas mais importantes do mundo para estabilizar o clima ameaçado pelo aquecimento global". A matéria também reproduz uma afirmação de outubro de 2023 da ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, segundo a qual "não existe fogo natural na Amazônia".

A constatação da ministra é reforçada pela diretora científica do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar. Em entrevista à AFP, ela declarou que "provavelmente esses incêndios foram iniciados por pessoas nas suas práticas agropecuárias ou na queima de pastagem para limpeza". 

No entanto, a especialista considera que as mudanças no clima desempenham "um papel fundamental" nos incêndios. "A gente tem visto a Terra bater recordes e recordes de temperatura. Todo ano é o ano mais quente e isso tem uma sinergia com os fenômenos climáticos", disse Alencar.

É o caso de uma grave seca que castigou gravemente a Amazônia entre junho e novembro do ano passado, destaca o site da emissora FranceInfo. O fenômeno "afetou milhões de pessoas na região, resultou em enormes incêndios florestais, reduziu a quantidade de água nos rios e causou uma devastação catastrófica da fauna", sublinha o texto.

Em nota, o Ministério do Meio Ambiente do Brasil confirmou que os incêndios "são agravados pela estiagem prolongada, intensificada pela mudança do clima e por um dos El Niños mais fortes da história".

Recorde de emissões de CO2 

Em um balanço divulgado na quarta-feira (28), o Copernicus mostrou que as emissões de CO2 também bateram recorde na região amazônica em fevereiro, em três países da região. O site do jornal Le Monde destaca os números apresentados pelo serviço europeu: até o último dia 27, foram emitidas 4,1 megatoneladas de dióxido de carbono pelo Brasil, 5,5 Mt pela Venezuela e 0,3 Mt pela Bolívia.

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O cientista Mark Parrington, do serviço de monitoramento da atmosfera do Copernicus, indica que a circulação de fumaça na região "se traduz pelo aumento da poluição do ar em zonas densamente povoadas". Segundo ele, além do Brasil, da Venezuela e da Bolívia, outros países que registraram incêndios recentemente na América do Sul também enfrentam o mesmo problema, como o Chile e a Argentina.

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