Venezuela: alívio das sanções econômicas dos EUA chega ao fim?

Durante seis meses, a Venezuela se beneficiou do alívio das sanções econômicas impostas em 2019 pelos Estados Unidos. Esta trégua termina nesta quinta-feira (18) e Washington afirma que não a renovarão se o presidente Nicolás Maduro não avançar nos compromissos que assumiu para organizar eleições livres e justas ainda este ano.

Em 2018, a reeleição de Nicolás Maduro como presidente da Venezuela não foi reconhecida por parte da comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos. No ano seguinte, Washington reforçou as sanções já em vigor e decretou um embargo ao ouro, petróleo e gás venezuelanos. "O objetivo era impor danos econômicos, o que gera protestos sociais e leva à mudança de regime", lembra o economista venezuelano Luis Oliveros em entrevista à RFI.

A crise econômica que o país atravessa está se agravando, mas o presidente continua no cargo. "O governo aprendeu a conviver com sanções", observa Luis Oliveros. "Ele preferiria, sem dúvida, não tê-las, mas tem sido capaz de contorná-las com habilidade, pelo menos para se manter no poder. Por outro lado, o país viu claramente como o seu padrão de vida diminuiu".

"A Venezuela tornou-se tóxica no mercado mundial"

"A produção de petróleo caiu, as receitas petrolíferas tornaram-se, em poucos anos, as mais baixas da nossa história. Com as sanções, a Venezuela não pode vender o seu petróleo ao seu mercado natural, os Estados Unidos e a Europa. As sanções também afetam empresas privadas. A Venezuela tornou-se tóxica no mercado mundial. Isto afeta, portanto, não apenas o setor econômico, mas, em última análise, as perspectivas e expectativas que podemos ter para a economia a médio e longo prazo", explica o economista.

No final de 2023, o governo e a oposição chegaram a um acordo sobre as próximas eleições presidenciais, marcadas para este ano. Com isso, Washington autoriza mais uma vez a compra de ouro, gás e petróleo venezuelanos por seis meses, um alívio das sanções que também coincide com as necessidades ocidentais de gás e petróleo causadas pela guerra na Ucrânia. A produção de petróleo venezuelana voltou a atingir 800 mil barris por dia, após um mínimo de 400 mil barris por dia no início de 2020.

Mas ao contrário do que foi decidido, o governo venezuelano impediu a oposição de escolher o seu candidato nas eleições presidenciais. Assim, no final de janeiro, os Estados Unidos optaram por reativar as suas sanções ao setor do ouro e garantem que se Nicolás Maduro não aceitar a realização de eleições "livres e justas", os alívios nas sanções de petróleo e gás não serão prolongados. O prazo termina nesta quinta-feira, 18 de abril.

Chevron: gigante petrolífera americana estabelecida na Venezuela apesar das sanções

Depois de mais de um ano, a gigante petrolífera americana Chevron conseguiu retomar parcialmente as suas extrações de hidrocarbonetos na Venezuela. Mas um possível endurecimento das sanções não deverá afetar a empresa americana, já que a Venezuela não é um mercado prioritário, acredita Thomas Posado, professor de civilizações latino-americanas contemporâneas na Universidade de Rouen e autor do livro "Venezuela, da revolução ao colapso".

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"É possível ver benefícios: pouco mais de 100 mil barris são exportados por dia para os Estados Unidos com o objetivo de chegar a 250 mil barris por dia em 2025, num mercado em que têm grande presença e do qual nunca saíram realmente. Eles tinham licença para manter suas atividades, mas não para investir, nem para extrair novamente", afirma.

"Portanto, não é um mercado prioritário para a Chevron. Agora, isso é algo substancial. A Chevron está totalmente dependente das escolhas da administração Biden no que diz respeito à Venezuela por razões completamente externas à Chevron e a uma verdadeira pressão migratória dos venezuelanos nos Estados Unidos. Dada a crise econômica, esta pressão migratória é, em parte, consequência destas sanções dos Estados Unidos", acredita o especialista venezuelano.

(Com RFI)

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