Sob pressão dos EUA, países do G7 devem chegar a acordo sobre ajuda bilionária à Ucrânia

Nesta quinta-feira (13) em Borgo Egnazia, na região da Apúlia, no sul da Itália começa a Cúpula dos líderes do G7, grupo dos países mais ricos do mundo. Segundo a Casa Branca, o grupo fez um progresso "muito bom" em direção a um acordo sobre o uso de ativos russos congelados para ajudar a Ucrânia, e os líderes esperam chegar a um consenso já nesta quinta-feira. O evento termina no sábado (15) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de reuniões bilaterais. 

 

Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

Os chefes de Estado ou de governo dos sete países mais ricos do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido)  reúnem-se em meio a tensões internacionais devido às guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, mas também serão tratados de outros assuntos. Na primeira reunião desta manhã, o tema é África, mudanças climáticas e desenvolvimento. Em seguida, a crise no Oriente Médio, logo após estão marcadas duas reuniões para tratar da guerra na Ucrânia. Outros tópicos em pauta são a imigração, a segurança na região Indo-Pacífico, inteligência artificial e energia.

A Itália detém a presidência rotativa do G7. Vale lembrar que esta cúpula ocorre em um clima de agitação política, tanto nos Estados Unidos como na Europa, devido às dificuldades políticas do presidente americano Joe Biden, do presidente francês Emmanuel Macron e do primeiro-ministro britânico Rishi Sunak, que nos respectivos países enfrentam pleitos eleitorais complexos nas próximas semanas e meses.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni convidou o papa Francisco e diversos líderes que não fazem parte do grupo das sete maiores economias do mundo, incluindo os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Javier Milei.

Entre os convidados também estão o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e líderes da África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Índia, Mauritânia (na condição de presidente de turno da União Africana), Nigéria, Quênia, Tunísia e Turquia; além de dirigentes de organismos internacionais como Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento e Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Ajuda à Ucrânia

"Houve um progresso muito bom nas discussões entre as delegações para chegar a um acordo [de ajuda à Ucrânia]", disse aos repórteres o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, que está acompanhando o presidente Joe Biden. "Esperamos que, quando os líderes se reunirem hoje, tenhamos uma visão comum".

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No entanto, os Estados Unidos pressionaram os países do G7 a concordar com um mega-empréstimo de cerca de US$ 50 bilhões, garantido pelos juros futuros gerados pelos ativos congelados da Rússia.

Mas muitas questões permanecem, incluindo quem emitiria a dívida e o que aconteceria se os ativos fossem liberados no caso de um acordo de paz. De acordo com Paris, um acordo em princípio já foi alcançado "sobre o desembolso dos US$ 50 bilhões" "antes do final de 2024".

"Há um acordo. Como sempre acontece no G7, os líderes tomam uma decisão e os técnicos fazem seu trabalho para colocá-la em prática", explicou a mesma fonte.

Lula e o Brasil

Este ano, o Brasil detém a presidência rotativa do G20, grupo que reúne 19 das maiores economias do planeta, mais a União Europeia e a União Africana.

Nesta cúpula do G7, Lula deve defender as agendas do Brasil no G20. Entre os temas estão a inclusão social e a luta contra a desigualdade, a fome e a pobreza; o enfrentamento das mudanças climáticas, com foco na transição energética, e a promoção do desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social e ambiental; e a defesa da reforma das instituições de governança global.

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Embora a imprensa especule sobre um possível primeiro encontro entre os presidentes Lula e o argentino Javier Milei, patrocinado por Giorgia Meloni, o Itamaraty afirmou que "não houve solicitação" da Argentina para um encontro bilateral.

Encontro com o papa

Lula tem um encontro marcado com o papa Francisco que estará na cúpula na sexta-feira para falar sobre inteligência artificial. O líder religioso terá algumas reuniões bilaterais e provavelmente abordará temas como combate as desigualdades sociais, ambiente e desarmamento. Segundo o jornal italiano La Repubblica, na última terça-feira, durante um encontro com sacerdotes romanos, Francisco teria contado que ao falar no G7 sobre inteligência artificial, perguntaria aos políticos: onde está a inteligência natural deles.

Todos os convidados estão hospedados no resort Borgo Egnazia, uma estação turística de luxo construída em 2010 que imita uma tradicional cidadezinha da região da Apúlia. Trata-se de um local isolado muito longe de manifestantes e jornalistas, cujo centro de imprensa fica a 60 quilômetros, na cidade de Bari. As medidas de segurança são extremamente rigorosas.

Logística complicada

No entanto, o envio de reforços policiais e militares para a zona causou problemas logísticos. O governo italiano chegou a alugar um navio cruzeiro para hospedar 2.600 agentes de segurança empenhados no G7. Segundo a imprensa italiana, o aluguel custou € 6 milhões, cerca de R$ 35 milhões.

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Mas além de bagunçado, o navio Mykonos Magic estava em péssimas condições higiênicas, como revelaram as imagens divulgadas nas redes sociais. De acordo com o comunicado do sindicato policial SILF, publicado na segunda-feira à noite no Facebook, os agentes e soldados estavam "confinados como ratos no navio".

O ministério do Interior providenciou outras acomodações para os agentes de segurança. Mas para um governo de extrema direita que ressalta a ordem e a defesa dos policiais, o episódio certamente não causou boa impressão.

(Com AFP)

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