No G7, Lula pede que IA seja usada para a paz e não a guerra, e acusa Israel de 'vingança'

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (14), sem mencionar diretamente Israel, que o país transforma "o legítimo direito de defesa em direito de vingança". Lula discursou diante da cúpula do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) e países convidados, que se reuniram no sul da Itália.

O brasileiro foi recebido pela chefe de governo da Itália, Giorgia Meloni, país que preside o G7. Ele estava entre os convidados externos ao grupo a participar do evento, assim como o argentino Javier Milei ou o indiano Narendra Modi. O G7 é formado por Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Itália e Reino Unido.

"Em Gaza, vemos o legítimo direito de defesa se transformar em direito de vingança. Estamos diante da violação cotidiana do direito humanitário, que tem vitimado milhares de civis inocentes, sobretudo mulheres e crianças", afirmou o presidente. "Isso nos levou a endossar a decisão da África do Sul de acionar a Corte Internacional de Justiça", relembrou, em referência à acusação de genocídio promovida por Pretória contra Tel Aviv junto ao tribunal, a mais alta instância judicial das Nações Unidas.

Conferência de paz sobre guerra na Ucrânia

Lula reiterou que o Brasil condena a invasão da Ucrânia pela Rússia e considerou que "nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar". Nesta sexta, Moscou frisou que a única forma do conflito no leste europeu chegar a um fim é Kiev abrir mão dos quatro territórios reivindicados pela Rússia - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia.

O presidente brasileiro voltou a insistir pela realização de uma conferência internacional "reconhecida pelas partes" - ou seja, a Rússia, que não foi convidada a participar de um encontro que será realizado neste fim de semana na Suíça.

Inteligência artificial 'com a cara do Sul Global'

O brasileiro também abordou os desafios da inteligência artificial (IA), um dos principais temas discutidos nesta sexta pelas lideranças mundiais e até pelo papa Francisco, em participação inédita em uma cúpula do G7. Lula insistiu na necessidade de a "revolução digital" ser justa entre os países. Ele pediu que os benefícios da tecnologia sejam "compartilhados por todos", e não apenas pelos países que sediam grandes empresas de tech ou capazes de promover investimentos massivos no setor.

"Interessa-nos uma IA segura, transparente e emancipadora.(...) Que tenha a cara do Sul Global, que fortaleça a diversidade cultural e linguística e que desenvolva a economia digital de nossos países", salientou, ao defender uma governança internacional e intergovernamental da ferramenta. "E, sobretudo, uma IA como ferramenta para a paz, não para a guerra", destacou.

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Impulso na agenda brasileira do G20

O petista, que atualmente preside o G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, pediu maior atenção das nações desenvolvidas para o continente africano, em especial à questão do endividamento das economias do continente.

Também no contexto da presidência do G20, reiterou a proposta brasileira de tributação dos super-ricos, que Brasília espera deixar como legado da cúpula, em novembro. "Essa concentração excessiva de poder e renda representa um risco à democracia", afirmou, ao pedir apoio à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, a ser lançada no evento no Rio de Janeiro.

À margem da cúpula do G7, realizada no luxuoso balneário italiano de Borgo Egnazia, Lula teve uma reunião privada com o papa Francisco e se reuniu com o presidente francês Emmanuel Macron. 

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