Cantora Nanná Millano lança carreira em Paris com seu 1° disco inspirado na MPB e na 'saudade'

Da geração da nova MPB, a paulista Nanná Millano, 36 anos, faz sua estreia como cantora em Paris, onde apresentou seu disco autoral recém-lançado 'Can't Translate Saudade'. A artista, que é fã de grandes nomes como Elis Regina, Tom Jobim, Caetano Veloso e Gal Costa, mistura de forma suave o idioma materno e o inglês, na tentativa de enaltecer a riqueza da língua portuguesa.

Nos estúdios da RFI, a cantora revela que a música brasileira, a MPB e a Bossa Nova estão na sua vida desde quando ainda era conhecida apenas como Natalia, antes de adotar o nome artístico de Nanná Millano. "Minha mãe e meu pai sempre apreciaram demais a música. Então em casa sempre foi coleção de CD, coleção de vinil e até de música infantil. Era O Grande Circo Místico, A arca de Noé, do Vinícius [de Moraes], Os Saltimbancos com a Nara Leão", recorda a jovem.

O disco 'Can't Translate Saudade' ('Impossível traduzir saudade', em tradução livre) tem a intenção inicial de comunicar o sentimento único que somente os lusófonos podem expressar. "Saudade é um sentimento. A nossa relação com essa palavra e com essa emoção é diferente do que em outras línguas e ela está super presente na nossa música", aponta, lembrando que em outras línguas, como no inglês e no francês, as expressões mais próximas são "I miss you" e "Tu me manques", que literalmente significam "você me faz falta". 

Nos bastidores da arte

Também atriz, ela se formou em Cinema e Artes Cênicas em São Paulo, com especializações nos Estados Unidos, e tem mais de dez anos de experiência no audiovisual. Nanná é filha da atriz Daniele Rodrigues, mais conhecida por seu papel como Narizinho no programa de TV Sítio do Pau Amarelo no começo dos anos 1980.

Ela revela que sempre se inspirou na mãe e que cresceu nos bastidores do meio artístico, algo que proporcionou a ela e ao irmão uma vivência multidisciplinar em teatro, dança, canto e música.

A compositora se orgulha de seus projetos na dramaturgia como a vídeo série 'O Álbum das Mulheres Incríveis' de 2018-19 que foi um grande sucesso na internet e destaca seu interesse por questões feministas. Na série, ela conta a história de mulheres como a mexicana Frida Kahlo, a ativista paquistanesa Malala e a artista norte-americana naturalizada francesa Josephine Baker.

Início na música e em Paris

Recém-chegada a Paris apaixonada por um francês, Nanná já tinha conexões com a cultura do país, principalmente por influências musicais.

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"Eu não imaginava Paris. Foi algo que aconteceu. Eu vim porque o amor me trouxe até aqui e a música. Eu tenho cada vez mais aprendido e me conectado. Lógico que ouvi bastante Édith Piaf, fez parte também da minha formação, quando eu era adolescente. Mas venho descobrindo cada vez mais coisas. E essa troca cultural e musical entre Brasil e França é de longa data. Eu acho que há um interesse mútuo", opina.

 

 

A artista confessa que apesar de sempre ter tido aptidão para canto e composição, fazer música era antes "algo mais pessoal". Mas com a paralisação das produções audiovisuais durante a pandemia e inspirada também no irmão e músico Matu Miranda, ela se reencontrou como cantora e compositora.

"Durante a pandemia, o audiovisual parou. E aí eu fiquei num momento de introspecção. Eu tava saindo de um luto também, perdi meu pai", revela Nanná, que neste período buscou apoio emocional no violão e passou a compor mais, até decidir lançar seu primeiro trabalho musical.

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"Muitas vezes quando eu faço música, eu vejo cenas, é como se ela fosse já uma trilha sonora assim na minha cabeça. O 'Can't Translate Saudade' acabou se tornando um álbum audiovisual. Então, eu estou lançando os clipes que contam a história desse álbum", explica a artista, que deve lançar em breve o álbum audiovisual completo no YouTube.

Nanná Millano iniciará uma turnê pelo Brasil no final de julho em parceria com a pianista brasileira radicada em Paris, Júlia Piedade, que também lançou um disco recentemente. "A gente vai fazer uma turnê juntas, apresentando os nossos álbuns que têm ambos essa relação entre Brasil e França", descreve a cantora.

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