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Opinião

Mercado aumenta pressão para impor sua agenda a Lula e Haddad

A regulamentação da reforma tributária e, no fim das contas, quem vai pagar mais ou menos impostos e quem vai se apropriar da maior parte do dinheiro público é o centro da disputa entre Lula e Haddad versus o capital, metaforicamente batizado de "Faria Lima". Essa é a briga que importa. Todo o resto gira em torno dela.

A Faria Lima quer pagar menos impostos e continuar recebendo sua parte em altos juros da dívida pública. A promessa de campanha do Lula é diminuir a desigualdade. Como o bolo é o mesmo pra todo mundo, só tem um jeito de aumentar a fatia de quem mora na periferia: diminuir a fatia da Faria Lima e de quem desfruta de vista pro mar em sua casa na faixa de marinha.

Por isso, a Faria Lima não gosta que o Lula fale que tem excesso de subsídio para rico. São R$ 646 bilhões, entre renúncias tributária e de benefícios financeiros e creditícios. Quem fez a conta foi uma liberal de carteirinha, a ministra Simone Tebet, do Planejamento.

O mercado e a Faria Lima querem que Lula diga que:

  • Não vai mais reclamar dos juros altos do Banco Central;
  • Que ele vai desvincular o Benefício de Prestação Continuada, o BPC, do salário mínimo;
  • Que ele vai acabar com o piso de verbas para saúde e educação;
  • Que ele vai desistir de acabar com os subsídios como a desoneração tributária para alguns setores privilegiados da economia.

Essa é a agenda da Faria Lima. E para conseguir que ela seja adotada pelo governo valem todas as armas.

No começo, ela tenta seduzir os novos poderosos pela bajulação. É a tática da cenoura: dá prêmio, convida pra jantar, elogia. Se a cenoura não dá resultado, vem o porrete.

Aí vale tudo:

  • mandar dinheiro para o exterior;
  • fazer lobby junto ao Arthur Lira e ao Rodrigo Pacheco no Congresso;
  • Até apoiar um protofascista desde que ele tenha um ministro da Fazenda que reze pela cartilha farialimer.
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A Faria Lima vai surfar todas as ondas que ajudarem na briga por manter sua gorda fatia do bolo, ondas nativas ou estrangeiras.

A entrevista de Lula foi uma dessas ondas nativas que o mercado pegou para dar uma especuladinha com a cotação do dólar. Mas essa é também a função do mercado: sem especulação não há liquidez, o comprador nem sempre encontraria o vendedor.

Mas o grande tsunami que tem elevado a maré do dólar vem de longe. Os fluxos de capital têm convergido para os Estados Unidos. Lá é o porto seguro para onde estão indo a maior parte dos investimentos graças, entre outros motivos, a uma taxa de juros positiva e resistente. Quando o capital foge para os EUA, converte reais em dólar e puxa a cotação da moeda americana aqui e em todo o mundo.

Por isso, por mais que o dólar tenha subido durante a entrevista de Lula, sua tendência de valorização é fruto de um movimento muito mais importante e que tem a ver mais com o Federal Reserve, o Banco Central do EUA, do que com o BC brasileiro.

O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

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Veja abaixo o programa na íntegra:

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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