Rússia intercepta e destrói mais de cem drones ucranianos que vinham em direção ao país

A Rússia afirmou nesta sexta-feira (21) ter neutralizado 114 drones ucranianos na noite passada, no sul do país. Uma pessoa morreu de acordo com autoridades locais. O presidente russo, Vladimir Putin, que está visitando o Vietnã, ameaçou nesta quinta-feira (20) fornecer armas à Coreia do Norte, após o governo sul-coreano ter informado que estuda essa mesma possibilidade em relação à Ucrânia.

Os sistemas de defesa antiaereos russos interceptaram e destruíram 70 drones na Crimeia, 43 na região de Krasnodar e um em Volgograd, de acordo com um comunidado do ministério russo da Defesa. O exército do país afirma ter destruído outros seis drones navais ucranianos na parte noroeste do Mar Negro.

Na região de Krasnodar, o ataque danificou uma caldeira perto da estação rodoviária de Ioujny, informou o governador regional Véniamine Kondratiev, no Telegram. "Em consequência da queda de destroços de um drone, um funcionário da caldeira foi morto", destacou, denunciando um "ataque massivo do regime criminoso de Kiev".

No distrito de Severski, vários prédios administrativos de uma refinaria de petróleo foram danificados, acrescentou Kondratiev. A Ucrânia, que enfrenta a ofensiva russa há mais de dois anos, responde regularmente atacando regiões russas. O país visa principalmente instalações energéticas.

Ameaças russas

O presidente russo Vladimir Putin, em visita ao Vietnã, ameaçou na quinta-feira fornecer armas à Coreia do Norte. A iniciativa seria uma resposta à entrega de armas ocidentais para Kiev e à autorização dada ao governo ucraniano pelos Estados Unidos de atacar o território russo com mísseis ocidentais. 

A Rússia e a Coreia do Norte, sob sanções ocidentais, concluíram uma "parceria estratégica global", que prevê assistência mútua "em caso de agressão" e um eventual reforço da "cooperação militar-técnica", segundo Putin.

Os Estados Unidos e seus aliados temem que essa aproximação acelerada resulte em novas entregas de munições e mísseis norte-coreanos ao exército russo, para sua guerra na Ucrânia. O Japão declarou na quinta-feira estar "muito preocupado" com o acordo, enquanto a União Europeia aprovou um novo pacote de sanções contra a Rússia.

Washington também considerou as declarações de Putin preocupantes. "As declarações desestabilizariam, potencialmente, a península coreana", declarou à imprensa o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller. "Dependendo do tipo de armas (fornecidas), isso poderia violar as resoluções do Conselho de Segurança da ONU que a própria Rússia apoiou", argumentou.

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Visita ao Vietnã

O Vietnã é a segunda e última etapa do giro que Vladimir Putin faz pela Ásia, depois da visita do presidente russo à Coreia do Norte na quarta-feira (19). Hanói espera "impulsionar a cooperação em matéria de defesa e segurança" com Moscou, destacou o presidente vietnamita To Lam.

Desde o período soviético, a Rússia continua sendo o principal fornecedor de armas do Vietnã, mas os volumes caíram nos últimos anos, apesar da militarização do Mar da China Meridional, onde as autoridades vietnamitas se preocupam com as ambições expansionistas de Pequim.

"Nós expressamos o interesse mútuo na criação de uma arquitetura de segurança confiável e adequada na Ásia-Pacífico, que se baseie nos princípios de não uso da força, na resolução pacífica das disputas e onde não haverá lugar para blocos político-militares fechados", disse Putin.

Em Hanói, Putin se comprometeu ao reforço da cooperação com o Vietnã, que compra armas dos russos há décadas. O objetivo é contrariar as tentativas ocidentais de isolar a Rússia por conta da guerra na Ucrânia. "A Rússia dá muita importância ao fortalecimento das relações com o Vietnã", declarou o presidente russo, que se encontrou com os principais líderes deste Estado comunista.

As duas partes assinaram uma dezena de parcerias, especialmente nas áreas de energia, educação e nuclear civil. O comunicado conjunto enfatiza a atmosfera "calorosa e amigável" das discussões e o "alto grau de confiança e compreensão mútua".

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Putin encontrou-se com o primeiro-ministro Pham Minh Chinh, bem como com o secretário-geral do Partido Comunista, Nguyen Phu Trong, considerado a personalidade mais influente do regime. Aos 80 anos, ele realizou parte de seus estudos na URSS.

Ao receber Vladimir Putin, alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), Hanói se expõe ao descontentamento de seus parceiros ocidentais, principalmente os Estados Unidos, que consideram o Vietnã, com seus 100 milhões de habitantes, estratégico para a produção manufatureira, especialmente de semicondutores.

Com informações da AFP

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