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França: após vitória no 1° turno das eleições, extrema direita quer maioria absoluta para governar

01/07/2024 07h53

O partido Reunião Nacional, de extrema direita, venceu com folga o 1° turno das eleições legislativas francesas, que ocorreram neste domingo (30). "Precisamos de uma maioria absoluta", disse Marine Le Pen, anunciando sua própria eleição como deputada em Hénin-Beaumont, no norte do país.

Segundo resultados divulgados pelo Ministério do Interior, o Reunião Nacional (RN) obteve 33,1% dos votos, a Nova Frente Popular, que uniu partidos de esquerda, 28%, e o Juntos, da coalizão presidencial, 20%.

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O partido Os Republicanos, de direita, que não aderiu ao RN, obteve 6,7% dos votos. O RN e seus aliados obtiveram seu melhor desempenho no primeiro turno de uma eleição, segundo estimativas dos institutos de pesquisas Ipsos e do Ifop.

A votação também foi marcada pelo aumento da participação popular, de cerca de 66%.

De acordo com Marine Le Pen, três vezes candidata derrotada à eleição presidencial, "o bloco macronista praticamente desapareceu" após as eleições legislativas antecipadas, organizadas após a dissolução surpresa da Assembleia Nacional pelo presidente francês, Emmanuel Macron. Ele tomou a decisão após a vitória do partido de extrema direita, na França, nas eleições europeias, em 9 de junho.

De acordo com as últimas projeções dos institutos de pesquisa, o Reunião Nacional poderá obter entre 240 e 295 assentos. Caso consiga uma maioria absoluta, ou seja, se eleger pelo menos 289 deputados, o partido irá formar um novo governo. 

Mas a Assembleia Nacional francesa também pode ficar paralisada, caso nenhum força política conquiste a maioria absoluta para poder governar. 

Coabitação

Caso o partido de extrema direita vença no segundo turno e obtenha maioria absoluta, poderia indicar o primeiro-ministro, que governaria com o presidente Emmanuel Macron. Jordan Bardella, que pode se tornar premiê com apenas 28 anos, prometeu respeitar a Constituição e a função do Presidente da República, mas será "intransigente" no seu projeto de governo, declarou.

A chamada "coabitação" entre duas forças de oposição no Executivo francês promete ser complexa, já que o presidente e o partido de extrema direita têm posições ideológicas e políticas opostas em relação a vários temas, como a integração europeia, diplomacia e defesa. 

Mobilização contra o Reunião Nacional

A mobilização para tentar impedir uma vitória mais expressiva do Reunião Nacional e evitar que o partido de extrema direita chegue ao poder provocou um racha no grupo político do presidente Macron. Há divergências sobre a a estratégia de retirar candidaturas da coalizão para beneficiar eventuais candidatos da Nova Frente Popular, que teriam mais chances de vencer candidatos do RN no segundo turno. 

"Para enfrentar o Reunião Nacional, precisamos claramente de mobilização de democratas e republicanos para o segundo turno", disse Emmanuel Macron em um comunicado enviado à imprensa às 20h (horário de Brasília).

Essa "aliança" parece excluir os candidatos do partido de esquerda A França Insubmissa, do líder Jean-Luc Mélenchon, ou outras legendas mais radicais.

"A extrema-direita está às portas do poder", advertiu o primeiro-ministro Gabriel Attal. Ele também pediu aos eleitores que "impeçam o Reunião Nacional de ter maioria absoluta". Isso dependerá em grande parte das retiradas de candidatura e das recomendações de voto em cada zona eleitoral no segundo-turno. 

Attal, que deixará o cargo após as eleições legislativas, fez um apelo pelo "voto em candidatos que defendem a República".

O ex-primeiro-ministro Édouard Philippe, do partido Horizons, aliado de Macron, disse que "nenhum voto" deveria "beneficiar os candidatos da Reunião Nacional ou os da França Insubmissa". Alguns representantes da ala macronista, como o ministro Roland Lescure, pediram, no entanto, o "bloqueio da extrema direita", sem descartar A França Insubmissa.

À esquerda, há um consenso sobre o pedido de bloqueio contra o RN. O líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, anunciou que seus candidatos se retirariam se terminassem em terceiro lugar e o RN estivesse na liderança.

A líder dos Verdes, Marine Tondelier, defendeu a "construção de uma nova frente republicana", apesar do declínio da legenda ao longo dos anos. Cerca de uma centena de organizações, entre associações e sindicatos, também pediram voto contra o RN. 

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