Vídeo de ameaça do Hamas durante Olímpiada é falso e pode ter sido compartilhado por redes pró-russas

Um vídeo que circula nas redes sociais, que mostra um suposto ativista do Hamas fazendo ameaças à França durante os Jogos Olímpicos, é falso e pode ter sido divulgado por redes pró-Rússia. "As primeiras pistas que temos nos permitem dizer que este vídeo é falsamente atribuído ao Hamas", disse o primeiro-ministro Gabriel Attal na noite desta quinta-feira (25).

"A investigação continua e não permite, nesta fase, imputá-la a nenhum Estado em particular. Mas está claro que se trata de uma intervenção feita por um Estado", acrescentou o primeiro-ministro francês.

No vídeo, que circula desde o início da semana, um homem, com o rosto escondido por um keffiyeh e usando uma bandeira palestina no peito, ameaça a França em árabe. Ele acusa o país de apoiar Israel, e chacoalha o que parece ser a cabeça da Marianne, um dos símbolos da República Francesa, decapitada e ensanguentada.   

Segundo uma fonte de segurança entrevistada pela AFP, "as primeiras análises apontam para uma operação russa". 

Uma das primeiras contas a publicar o vídeo, "endzionism24", já foi suspensa. Ela foi criada em fevereiro, mas permaneceu inativa por vários meses. Ela foi reativada alguns dias antes da publicação do vídeo para compartilhar conteúdos contra Israel.   

Além disso, acrescentou a fonte, "o vídeo foi republicado no X por contas conhecidas por fazerem parte de redes russas e foi retransmitido por sites africanos que também agem com os russos".  

O pesquisador David Colon, especialista em assuntos de interferência estrangeira cita como exemplo a conta "@aussiecossack", uma influente conta pró-Rússia, que também compartilhou o conteúdo.

Erros de gramática

Outro detalhe é que, no vídeo, "os códigos visuais da propaganda do Hamas estão ausentes" e o homem que está falando comete erros de pronúncia e gramática, de acordo com um jornalista da AFP que fala árabe.     

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Além da distribuição por redes identificadas como pró-russas, as imagens também foram compartilhadas em espanhol e inglês e distribuídas na França pelo polemista de extrema direita Jean Messiha, mas também por pessoas que defendem a causa israelense.   

Na quinta-feira, as autoridades israelenses alertaram as autoridades francesas para "campanhas contra os israelenses, orquestrada pelo Irã".  

"Como parte dessa campanha, um grupo de hackers abriu canais nas redes sociais onde postaram informações pessoais sobre os membros da delegação israelense nos Jogos Olímpicos e enviaram mensagens ameaçadoras", segundo um comunicado da Direção Nacional de Ciberespaço de Israel e do Ministério da Cultura e Esportes.

"A campanha foi realizada tentando usurpar a identidade de uma organização francesa chamada GUD", uma organização francesa de ultradireita dissolvida pelo governo francês.

Durante vários meses, as Olimpíadas de Paris (26 de julho a 11 de agosto) foram objeto de campanhas de manipulação e desinformação feitas, mas não apenas, por redes pró-russas.

Moscou sempre negou a realização desse tipo de ação. As redes pró-Rússia já eram suspeitas de agir no final de 2023 contra as Olimpíadas, divulgando imagens que faziam paralelos entre os Jogos de Paris e os de Munique em 1972, quando a organização palestina Setembro Negro (classificada como terrorista pela UE) matou a tiros membros da delegação israelense.   

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Com informações da AFP

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