Operação na Bélgica identifica ameaça terrorista; Olimpíadas seriam o foco

A França está em alerta máximo durante os Jogos Olímpicos de Paris para garantir a segurança de cerca de 15 milhões de visitantes e dos mais de 10 mil atletas que participam do evento. Apesar da operação de segurança sem precedentes, o país é alvo de ameaças terroristas, que podem estar sendo planejadas na vizinha Bélgica.

Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

Às vésperas da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, uma vasta operação antiterrorista na Bélgica interrompeu a preparação de um atentado terrorista. Segundo o canal de tv belga VRT, os suspeitos procuravam substâncias químicas para explosivos. A imprensa não teve acesso a mais informações porque o Ministério Público belga decidiu manter sigilo para preservar as investigações. No entanto, a operação coincide com a data das Olimpíadas e com um alerta de Israel sobre potenciais ameaças de ataques terroristas contra atletas e turistas israelenses por grupos apoiados pelo Irã.

A polícia da Antuérpia, que esteve à frente da operação, realizou buscas em nove cidades da Bélgica e sete pessoas foram detidas para interrogatório. "O objetivo da operação foi prender suspeitos de participar em atividades de um grupo terrorista, financiar o terrorismo e preparar um ataque terrorista", informaram as autoridades belgas. As buscas, realizadas na Antuérpia, em Bruxelas no bairro de Saint-Josse-ten-Noode, e nas cidades de Liège, Gand, Courtrai, Menin, Bourg-Léopold e Zonhoven foram realizadas a partir do pedido de um juiz antiterrorismo.Agora, os suspeitos deverão comparecer diante de um juiz que vai decidir se os encaminhará para um julgamento ou se os submeterá a um mandado de prisão.

A maioria dos detidos é originária de países da Ásia Central e reivindica pertencer ao Estado Islâmico-Khorasan (EI-K). De acordo com o Instituto francês de Relações Internacionais (IFRI), esta organização é a filial mais sanguinária do Estado Islâmico (EI); seu financiamento - estimado em dezenas de milhões de dólares por ano - vem dos impostos cobrados localmente, das transferências de fundos do EI central e de doações de países do Golfo Pérsico, em particular, da Arábia Saudita e do Catar.

Ameaça terrorista em alta

Já na Alemanha, dois russos supostamente ligados ao grupo Estado Islâmico foram detidos. Segundo o Ministério Público do país, os suspeitos estariam envolvidos em uma rede para financiar atentados terroristas. "O objetivo era recolher fundos na Alemanha e em outros países europeus e enviá-los ao Estado Islâmico", afirmam as autoridades alemãs. As doações recolhidas através de redes sociais "beneficiaram particularmente os combatentes do grupo Estado Islâmico e as suas mulheres detidas". Segundo a TV belga RTBF, há ligações entre o caso alemão e o caso que está sendo investigado na Bélgica, que envolve também financiamento do terrorismo.

A probabilidade de ameaça terrorista na Bélgica está fixada no nível três numa escala de quatro, o que indica que um ataque é "possível e provável". O país está sob uma "ameaça grave" desde o atentado que matou dois cidadãos suecos em Bruxelas, em outubro do ano passado.

Alguns bairros de maioria islâmica na capital belga, como Saint-Josse-den-Noode onde buscas foram feitas na quinta-feira, ganharam fama de abrigar extremistas e "exportar" vários jihadistas para a Síria. Em novembro de 2015, uma célula do Estado Islâmico sediada em Bruxelas assassinou 131 pessoas em Paris. Um ano mais tarde, dois ataques terroristas fizeram 34 mortos e inúmeros feridos na capital belga.

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Cooperação internacional

Para neutralizar os riscos de ameaças terroristas e violência, a França conta com o apoio de agentes de 40 países, incluindo o Brasil. Estes policiais estrangeiros integram as equipes com cães para procurar explosivos, evitar ataques de drones, trabalhar como guardas de fronteira, observadores que localizam torcedores violentos, especialistas em desmontar minas, mergulhadores, polícia montada e motociclistas.

Eles ainda irão apoiar agentes policiais de Paris, da polícia nacional, bem como da segurança civil. Grande parte do contingente de policiais internacionais também está atuando em estações ferroviárias, aeroportos e nos 39 locais onde vão acontecer as provas olímpicas. No total, cerca de 45 mil policiais, 10 mil soldados e 22 mil guardas de segurança privada patrulham cada esquina de Paris em uma operação de segurança sem precedentes.

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