Premiê de Israel afirma que Hezbollah 'pagará preço alto' após morte de jovens nas Colinas de Golã

Um foguete disparado do Líbano contra as Colinas de Golã anexadas por Israel matou onze pessoas neste sábado (27). Trata-se do ataque mais letal contra civis em Israel desde 7 de outubro, afirmou o exército israelense, acusando o Hezbollah de estar por trás do incidente. Na faixa de Gaza, o dia foi marcado por um novo bombardeio de Israel contra uma escola do centro do território palestino, que deixou pelo menos 30 mortos e mais de 100 feridos.

As onze vítimas, com idades entre 10 e 20 anos, morreram quando um foguete atingiu um campo de futebol em Majdal Shams, informou o exército israelense, deixando 19 feridos, segundo as equipes de resgate.

A cidade de Majdal Shams, habitada por drusos, está localizada na fronteira do norte de Israel com o sul do Líbano e também com a Síria. Muitos residentes mantêm a nacionalidade síria mais de meio século após a ocupação das Colinas de Golã conquistadas por Israel durante a guerra árabe-israelense de 1967. Os moradores dessa área podem estudar e trabalhar em Israel, mas não têm direito de voto.

De acordo com a polícia e o exército israelense, os foguetes atingiram vários outros locais no Golã. O exército atribuiu o disparo mortal contra Majdal Shams ao movimento islamista libanês Hezbollah, que por sua vez negou ser o autor.

 "Vamos nos preparar para responder ao Hezbollah, vamos completar nossas avaliações e vamos agir", disse o porta-voz do Exército, contra-almirante Daniel Hagari, em entrevista coletiva, acrescentando que este foi "o ataque mais mortal contra civis israelenses desde 7 de outubro", quando comandos do movimento palestino islamista Hamas, próximo do Hezbollah, invadiu o sul de Israel desencadeando a guerra na Faixa de Faza.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se reuniu com líderes da comunidade local e disse que Israel não deixará "este ataque mortal sem resposta" e que o Hezbollah, que nega sua responsabilidade, "pagará um alto preço, um preço que nunca pagou antes", segundo um comunicado emitido pelo gabinete do primeiro-ministro.

O presidente de Israel, Isaac Herzog, afirmou, por sua vez, que o Hezbollah "assassinou crianças" nesse ataque. "Terroristas do Hezbollah atacaram e assassinaram brutalmente crianças hoje, aquelas cujo único crime foi sair para jogar futebol. Elas não voltaram", declarou Herzog em comunicado.

UE condena novo ataque israelense a escola em Gaza e defende fim dessa "loucura"

Um bombardeio israelense contra uma escola deixou pelo menos 30 mortos e mais de 100 feridos neste sábado (27) no centro de Gaza. Segundo a agência de Defesa Civil do território palestino, a escola abrigava quase 4.000 pessoas deslocadas que buscaram refúgio no local. O Exército israelense declarou que a operação visou "terroristas". 

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"A escola Khadija, que abrigava uma unidade médica improvisada na área de Deir Al Balah, foi alvo recentemente de um ataque que deixou 30 mártires e mais de 100 feridos", afirmou o ministério da Saúde do Hamas em um comunicado. O hospital de campanha dentro da escola pertencia ao Hospital dos Mártires de Al Aqsa de Deir el-Balah, segundo o diretor do centro médico, Khalil Al Daqran. Este novo bombardeio controverso das forças de Israel - o oitavo contra uma escola desde 6 de julho - gerou protestos na comunidade internacional. 

Ao tomar conhecimento do ataque, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, defendeu uma "solução política" para acabar com a "loucura" na Faixa de Gaza. "Um cessar-fogo deve ser estabelecido agora. O direito humanitário internacional deve ser respeitado. A assistência humanitária aos civis deve ser prestada em grande escala. Só uma solução política pode acabar com esta loucura", disse Borrell na rede social X.

Mais ao sul, 170 palestinos morreram e centenas ficaram feridos desde o início, na segunda-feira (22), de uma nova operação do Exército israelense em Khan Yunis, informou à AFP o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Basal. Ao menos 180 mil pessoas fugiram da localidade nesta semana, segundo a ONU, quando o Exército ampliou as operações na região, em resposta aos disparos de foguetes a partir de Khan Yunis contra Israel.

As forças israelenses determinaram a evacuação de algumas áreas da cidade, incluindo um ponto que havia sido declarado como zona humanitária segura, e ordenaram o deslocamento da população para a "zona humanitária de Al Mawasi", antes de novas operações militares. Os palestinos, no entanto, temem seguir para Al Mawasi, pois a área já foi alvo de bombardeios israelenses. Imagens registradas pela AFP mostram feridos e corpos sendo levados para o hospital Naser de Khan Yunis.

Este cerco israelense que deixa os civis palestinos desorientados e sem locais seguros para se proteger foi criticado pelo chefe da diplomacia europeia. "Mais um ataque a uma escola usada como abrigo para pessoas deslocadas internamente em Khan Yunes... Ao mesmo tempo, uma população já muito frágil que é chamada a se mudar várias vezes para outro lugar, sem um fim à vista", lamentou Borrell em outra mensagem.

Nos últimos meses, o Exército israelense retornou a diversas zonas do território onde afirmava ter eliminado o Hamas, organização que Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram "terrorista".

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Desde o início da guerra, a maioria dos 2,4 milhões de residentes da Faixa de Gaza foram deslocados pelo menos uma vez, e muitos procuraram abrigo em escolas. O conflito começou em 7 de outubro, quando comandos islamistas mataram 1.197 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses. O Exército israelense calcula que 111 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 39 que estariam mortas. Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva que matou pelo menos 39.258 pessoas em Gaza, também civis em sua maioria, segundo o Ministério da Saúde do território.

Negociações

Além de bombardear a Faixa de Gaza, Israel impôs um cerco quase total ao território palestino em 9 de outubro, impedindo a entrada de alimentos, água, medicamentos e combustível. A ajuda humanitária entra a conta-gotas no território, onde a população enfrenta o risco de fome, segundo a ONU.

Os bombardeios só foram interrompidos durante uma trégua de uma semana em novembro, mas as negociações para um novo cessar-fogo e a libertação de reféns fracassaram desde então.

A Al Qahera News, um canal próximo ao serviço de inteligência egípcio, informou que uma nova reunião acontecerá no domingo em Roma entre os representantes dos países mediadores - Egito, Estados Unidos e Catar - e o diretor do serviço de inteligência de Israel.

Com AFP

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