Líder de oposição comemora participação 'apoteótica' na eleição presidencial na Venezuela

A líder de oposição María Corina Machado comemorou a elevada participação no pleito que elege, neste domingo (28), o novo presidente venezuelano. "Em todos os centros (de votação) do país temos uma participação 'apoteótica' e me sinto muito orgulhosa", disse Machado. "Estamos concretizando um sonho e uma luta pela liberdade", acrescentou a opositora.

O presidente Nicolás Maduro busca um terceiro mandato. Mas o grande favorito na disputa, segundo pesquisas, é o diplomata Edmundo González Urrutia, candidato da Plataforma Democrática de oposição. González substituiu a liberal María Corina Machado, que venceu as primárias da oposição no ano passado, mas foi inabilitada pelas autoridades para concorrer à presidência. 

De acordo com a opositora, às 13h no horário local, a taxa de participação já alcançava 42,1%, o equivalente a 9,3 milhões de eleitores. "É enorme e se continuar assim a (participação) será um número histórico. É uma maravilha. É muito, muito bonito o que está acontecendo", destacou a engenheira de 56 anos.

Desde a noite de sábado, eleitores faziam filas na frente das seções eleitorais para conseguir votar cedo. Muitos temem reações violentas entre chavistas e opositores, em um país politicamente polarizado. O Conselho Nacional Eleitoral não divulga estimativas de participação.

O assessor especial da presidência brasileira para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, encontra-se em Caracas desde sexta-feira como observador do pleito. Vários ex-dirigentes latino-americanos que pretendiam estar presentes durante a votação foram impedidos de entrar no país ou deportados.

Os locais de votação foram abertos às 6h locais (7h de Brasília) e funcionarão até às 18h (19h no Brasil), podendo haver extensão de horário enquanto houver eleitores na fila. Cerca de 21 milhões de venezuelanos estão aptos a votar, em uma população de 30 milhões de habitantes, distribuídos em mais de 30 mil postos de votação em todo o território. Especialistas previam, no entanto, que apenas 17 milhões de pessoas iriam às urnas. A participação elevada é considerada fundamental para aumentar as chances de vitória da oposição. 

Segundo cálculos da ONU, mais de 7 milhões de venezuelanos migraram na última década devido à crise econômica no país.

"É claro que se Maduro insistir em permanecer no poder pela força ou com violência, em pouco tempo veremos uma onda de imigração ainda maior", disse Machado, que fez intensa campanha a favor de González Urrutia, um diplomata de 74 anos até há pouco tempo desconhecido da maioria da população. Para Machado, "uma transição pacífica para a democracia significará não apenas que o êxodo será contido, mas também que muitos (venezuelanos) regressarão" ao país. 

Protesto de venezuelanos em Miami

Dezenas de venezuelanos protestaram neste domingo em Miami por não poderem votar na eleição, já que o governo Maduro retirou suas representações diplomáticas nos Estados Unidos após a ruptura de relações diplomáticas com Washington em 2019.

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Os manifestantes, muitos envoltos em bandeiras venezuelanas, se reuniram no bairro central de Brickell, em frente ao prédio que antes abrigava o consulado em Miami, agora convertido em um banco.

"Deveríamos estar votando neste prédio (...), mas a ditadura criminosa de Nicolás Maduro nos tirou o direito de votar. O que nunca nos tirará é o direito de protestar contra ele", declarou Adelys Ferro, diretora-executiva do Venezuelan American Caucus, uma das organizações que convocou a manifestação. Ferro afirmou que o governo venezuelano poderia ter facilitado o voto nos Estados Unidos, mesmo sem delegações diplomáticas, mas optou por não fazê-lo.

As eleições deste domingo decidirão entre a continuidade do chavismo, que está no poder há 25 anos, ou a vitória de uma oposição unida. O presidente será eleito por maioria simples e a posse ocorrerá em 5 de janeiro de 2025. O ganhador do pleito irá governar a Venezuela por seis anos, ou seja, até 2030.

Com AFP

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