Venezuela vai às urnas e pela primeira vez chavismo corre risco de perder eleição

A eleição mais importante da história recente da Venezuela começou neste domingo (28), às 6h pelo horário local (7h em Brasília). O presidente Nicolás Maduro, no poder há 11 anos, tenta um terceiro mandato. Já Edmundo Gonzalez estreia na política com o apoio da opositora Maria Corina Machado, que não pôde se inscrever como candidata depois de ser declarada inabilitada politicamente.

Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil na Venezuela

A votação foi agendada para o mesmo dia do aniversário de 70 anos do ex-presidente Hugo Chávez (1954-2024). Cerca de 21 milhões de venezuelanos estão registrados para participar, nos mais de 15,6 mil centros eleitorais habilitados em todo o país. As urnas estarão abertas até às 18h ou até que haja eleitores nas filas. O voto é facultativo.

Desde a noite de sábado, eleitores faziam filas na frente das seções eleitorais para conseguir votar cedo. Muitos temem reações violentas entre chavistas e opositores, em um país ainda politicamente polarizado.

A votação ocorre por urna eletrônica e a máquina emite um comprovante impresso, que deve ser depositado em uma urna. No final, a votação será auditada. Como prova da participação, os eleitores também devem mergulhar um dedo em um frasco de tinta azul, método usado no país para afastar o risco de fraude eleitoral.

Na cédula eleitoral, aparecem as imagens dos dez candidatos ao pleito - mas a do presidente Nicolás Maduro é reproduzida 13 vezes, associada a partidos aliados do governo. Já a imagem do opositor Edmundo González é vista apenas três vezes na urna ou nas cédulas.

Celso Amorim será observador do pleito

Na noite deste sábado (27), Nicolás Maduro reuniu-se com embaixadores de países estrangeiros - entre eles, Glivânia Maria de Oliveira, a embaixadora do Brasil na Venezuela.

O assessor especial da presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, chegou na noite desta sexta-feira a Caracas, onde foi recebido pelo chanceler Yvan Gil. Sábado ele se encontrou com observadores do Centro Carter, com o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez (que também é o chefe da campanha de Maduro), e com Gerardo Blyde, chefe de negociação dos diálogos da oposição com o governo.

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No entanto, entre sexta-feira e sábado, políticos e autoridades convidados pela oposição não puderam entrar na Venezuela ou foram deportadas. Entre eles, estavam cinco ex-presidentes latino-americanos e mais 12 deputados europeus. O bloqueio gerou críticas e agravou os temores, no exterior, de que a eleição não seja transparente.

'Movimento de mudança'

Em uma postagem nas redes sociais, o principal candidato de oposição, Edmundo González Urrutia, convidou os venezuelanos a votar "para transformar o futuro do país". A líder opositora Maria Corina Machado, impedida de concorrer, pediu que os venezuelanos saiam cedo para votar. "Esperamos 25 anos por um momento e o momento chegou", disse ela, em referência à possibilidade de mudança de governo após o chavismo ter assumido a presidência do país, em 1999.

"Há um movimento de mudança", enfatiza Luis Salamanca, professor da Universidade Central da Venezuela, à AFP. Em condições "normais" de votação, "haverá uma vitória extremamente grande para a oposição", disse ele. A maioria das pesquisas concluiu que Maduro não ultrapassará os 30% dos votos e a oposição deve conquistar entre 50 e 70% das cédulas.

O presidente será eleito por maioria simples e a posse ocorrerá em 5 de janeiro de 2025. O ganhador do pleito irá governar a Venezuela por seis anos, ou seja, até 2030.

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