Paris 2024 inaugura 'Pride House' às margens do Sena para dar visibilidade aos atletas LGBTQIA+

As cores do arco-íris em leques, autocolantes e pulseiras, inundam a "Pride House", ou a Casa do Orgulho Gay, um verdadeiro oásis às margens do rio Sena onde a comunidade LGBTQIA+ celebra seus atletas "e aliados" em uma Paris olímpica, a famosa e tão propagada "cidade de todos os amores". 

Nesta terça-feira (30) quente em Paris, com mais de 32°C nos termômetros, algumas pessoas mais ousadas sentadas em espreguiçadeiras assistem à partida de tênis entre a croata Donna Vekic e a americana Coco Gauff em um telão na nova "Pride House", espaço inaugurado pelos organizadores de Paris 2024 para acolher e dar visibilidade a atletas e torcedores da comunidade LGBTQIA+.

"Hoje está muito calor, mas é um lugar agradável para sentar, relaxar, beber e comer algo e ver as partidas. É fantástico", afirma Izabella McFarlane, uma australiana de 27 anos "e 100% aliada" da comunidade LGBTQIA+.

Localizada em uma doca do rio Sena, perto das sedes olímpicas do Grand Palais, da praça da Concórdia e dos Inválidos, a "Pride House" transmite provas, mas também organiza shows, exposições e atividades culturais.

O objetivo dessa iniciativa, que nasceu nos Jogos Olímpicos de inverno de Vancouver de 2010, é impulsionar uma maior visibilidade dos esportistas da comunidade LGBTQIA+ e sensibilizar sobre a discriminação que ainda persiste, violenta e muitas vezes assassina.

 "A ideia é realmente poder falar com todo mundo e, com a visibilidade (...) dos Jogos Olímpicos, sabemos muito bem que podemos mudar as coisas", assegura Jérémy Goupille, copresidente da associação Fier-play e coorganizador da Pride House.

Segundo a revista especializada Outsports, os Jogos Olímpicos de Paris 2024 registraram "um recorde" com 193 esportistas da comunidade queer, sobretudo mulheres lésbicas, transsexuais ou bissexuais, acima dos 186 atletas de Tóquio em 2020 e os 53 do Rio em 2016.

Entre eles está o saltador britânico Tom Daley, medalha de prata em Paris 2024 e um dos atletas gays mais conhecidos, mas também a judoca brasileira Rafaela Silva, e a jogadora espanhola Alexia Putellas.

"Cidade de todos os amores"

A australiana Poppy Starr Olsen, 24 anos, ficou em quinto lugar em Tóquio 2020 na competição de skate e, embora não esteja participando da edição atual, viajou a Paris para apoiar a Pride House, que ela considera "importante" manter.

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"O skate é realmente queer", mas mesmo em "uma comunidade muito boa de pessoas realmente positivas, há insultos no parque de skate", diz a jovem, para quem o esporte foi "um lugar incrível para crescer como uma pessoa queer".

A cerimônia de abertura de Paris 2024, que contou com a participação de artistas gays, transgênero e queer, destacou a "cidade do amor, de todos os amores", nas palavras do vice-prefeito da capital, Jean-Luc Romero-Michel.

Mas as críticas dos católicos e da extrema direita a uma cena em que várias drag queens parecem representar a última ceia de Jesus com seus apóstolos mostram que ainda há um caminho a percorrer.

A controvérsia estava na mente dos presentes na abertura de segunda-feira à noite de uma Pride House lotada, que terminou com as batidas e mixagens do artista mexicano Jaydena e do DJ Tim Zoauri.

"Foi uma mensagem de inclusão, reconciliação e celebração do deus olímpico Dionísio e não foi, de forma alguma, uma provocação contra qualquer tipo de religião", disse à imprensa a ministra dos Esportes da França, Amélie Oudéa-Castéra.

A Pride House de Paris 2024 foi lançada pelos organizadores da Pride House de Tóquio 2020 com o objetivo de manter viva a chama de uma luta que não esteve presente nos Jogos de Inverno de Sochi 2014.

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"Seria ótimo se tivéssemos algo semelhante ou igual" em Brisbane 2032, diz McFarlane. "Todos devem receber o mesmo tratamento e acho que o esporte é uma ótima maneira de mostrar isso ao mundo", conclui.

(Com AFP)

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