Dia mundial da ajuda humanitária: ONU condena recorde de mortes devido à guerra na Faixa de Gaza
A ONU marca nesta segunda-feira (19) o Dia Mundial da Ajuda Humanitária, condenando violências classificadas de "inadmissíveis" contra agentes que apoiam populações necessitadas. No total, 280 foram mortos em 2023, um recorde alimentado pela guerra na Faixa de Gaza que corre o risco de ser batido neste ano.
"A normalização da violência contra os trabalhadores humanitários e o fato de que ninguém seja responsabilizado por isso é algo inaceitável e extremamente perigoso para as operações humanitárias em todo o mundo", afirma em um comunicado Joyce Msuya, chefe interina do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha).
Segundo o órgão, 280 trabalhadores humanitários foram mortos em 33 países em 2023, considerado o pior ano na história da profissão. O Ocha sublinha que, em relação a 2022, houve um aumento de 137%, com 118 assassinatos, de acordo com dados da Aid Worker Security Database, que começou a compilar informações sobre a profissão em 1997.
Mais das metade das mortes de trabalhadores humanitários registradas em 2023 (163) foram de agentes assassinados na Faixa de Gaza, nos três primeiros meses da guerra entre Israel e o grupo Hamas, principalmente em bombardeios.
O Sudão do Sul, atingido pela violência civil e intercomunitária, e o Sudão, palco de uma guerra entre dois generais rivais desde abril de 2023, são os dois outros países onde mais morrem trabalhadores humanitários, com 34 e 25 mortes no ano passado, respectivamente. Na lista das piores nações, ainda estão Israel e Síria (sete mortes cada um), Etiópia e Ucrânia (6 mortos cada um), Somália (cinco), República Democrática do Congo e Mianmar (quatro mortes cada um).
O Sudão do Sul, atingido pela violência civil e intercomunitária, e o Sudão, onde ocorre uma guerra entre dois generais rivais desde abril de 2023, são os outros dois países mais perigosos para os humanitários, com 34 e 25 mortes respectivamente. Também nos 10 primeiros lugares do ranking, estão Israel e Síria (sete mortes cada), Etiópia e Ucrânia (seis mortes cada), Somália (cinco), República Democrática do Congo e Birmânia (quatro cada).
Situação pode se agravar em 2024
A ONU ressalta que as 280 mortes de 2023 representam uma situação "escandalosa", "2024 pode ser ainda mais mortal". Segundo o balanço da Aid Worker Security Database, até 9 de agosto deste ano, 176 trabalhadores humanitários foram mortos no mundo, e 121 deles em territórios palestinos - a maioria deles empregados da agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (Unrwa).
Um dos episódios mais chocantes deste ano foi a morte de colaboradores da ONG americana World Central Kitchen (WCK), que participava de operações de distribuição alimentos na Faixa de Gaza. O grupo morreu em um bombardeio israelense no enclave palestino, uma tragédia considerada como "um erro grave" por Israel.
Esta segunda-feira também marca o envio de uma carta a países-membros da ONU, assinada por representantes de várias organizações humanitárias, pedindo "o fim de ataques contra civis, a proteção de todos os trabalhadores humanitários, e que responsáveis prestem esclarecimento" sobre esses crimes. A Ocha também convoca o público a participar da campanha #ActforHumanity (Aja pela humanidade).
Há 21 anos, a ONU celebra o Dia Mundial da Ajuda Humanitária em 19 de agosto. A data marca o aniversário do atentado contra seu escritório em Bagdá, em 2003, que matou 22 pessoas, entre elas, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, representante especial das Nações Unidas no Iraque. Outras 150 pessoas ficaram feridas no ataque.
(Com informações da AFP)
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