União Europeia envia aviões bombardeiros de água para combater incêndio florestal na ilha da Madeira

Um incêndio de grandes proporções atinge uma extensa área verde na região da ilha da Madeira, em Portugal, há mais de uma semana. Nesta quinta-feira (22), a União Europeia anunciou o envio de dois aviões bombardeiros de água para reforçar o combate às chamas, que ameaçam uma floresta classificada como patrimônio mundial.

As duas aeronaves de modelo Canadair, especializadas no combate a incêndios florestais, deverão chegar ao local ainda nesta quinta-feira e foram enviadas da Espanha. A ajuda foi um pedido do governo português aos parceiros europeus diante da situação que ainda não foi controlada.

"Estes dispositivos já estão a caminho e deverão chegar à Madeira nas próximas horas", disse Balazs Ujvari, porta-voz da Comissão Europeia, em conferência de imprensa.

O incêndio começou no último dia 14 de agosto em uma área conhecida como Ribeira Brava e em seguida se alastrou para as regiões vizinhas de Câmara de Lobos e Ponta do Sol, situadas na costa sul da ilha. Na quarta (21), quando se completou uma semana de queimadas, o fogo chegou ao Pico Ruivo, a serra mais alta da Madeira, sem dar tréguas aos bombeiros.

A Comissão está "monitorando de perto a situação e está pronta para enviar recursos adicionais, se necessário", acrescentou Balazs Ujvari.

Críticas à demora por apoio aéreo

A atuação do governo local para lidar com o incêndio florestal na Madeira foi criticada por ambientalistas. Para Elsa Maria de Freitas, presidente da ONG portuguesa Quercus Madeira, que luta pela preservação dos recursos naturais da ilha, houve demora no pedido de ajuda para conter o fogo, principalmente na chegada de auxílio aéreo.

"O que nos lamentamos é que, passada uma semana após o início dos incêndios, nós ainda tínhamos apenas um meio aéreo para combater o fogo. Qualquer pessoa e responsável teria pedido meios aéreos, porque qualquer madeirense tem consciência que na zona onde o fogo está a única forma de o combater é por meios aéreos. Nós não conseguimos compreender como só após uma semana é que foi feito de fato o pedido dos meios aéreos. Demonstra da parte do governo um desinteresse pela conservação do patrimônio natural", argumenta Elsa Maria, presidente da ONG.

Ela teme pelos danos causados pelo incêndio à área verde da ilha da Madeira, que talvez possam ser irreversíveis ou demorar anos para serem revertidos. 

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"Uma estação de altitude foi destruída. Uma estação que se encontra em habitats prioritários (...) onde há um conjunto de plantas que foram minadas pelo fogo. Temos muito receio de algumas plantas que são únicas, que só existem naquela zona, possam eventualmente ter sido extintas", lamenta.

Área afetada

O incêndio já queimou uma área de mais de 4,4 mil hectares, informou o Observatório Europeu Copernicus (EMS) através da rede social X (Twitter).

Segundo as autoridades locais, cerca de 200 pessoas chegaram a ser removidas de suas casas, para evitar o risco de inalação de fumaça, mas a maioria delas já conseguiu regressar a seus imóveis.

A formação do terreno somada aos fortes ventos e às temperaturas elevadas dificultam o combate às chamas, porém não há até o momento registro de feridos nem de destruição de residências e infraestruturas essenciais, apenas alguns armazéns e produções agrícolas.

No entanto, as chamas atingiram uma parte da floresta Laurissilva, classificada como patrimônio mundial da Unesco, informou o presidente do serviço regional de proteção civil, António Nunes, à televisão pública RTP.

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