Famílias de reféns acusam Netanyahu de ter "sangue nas mãos", após Israel encontrar 6 mortos pelo Hamas
Em Israel, as famílias dos reféns estão revoltadas após a descoberta, no domingo (1º), dos corpos de seis dos prisioneiros levados em 7 de outubro de 2023. O resultado poderia ter sido diferente, dizem seus parentes, conforme confirmado por um oficial do Hamas. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu "acertar as contas" com o movimento islâmico.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ameaçou no domingo "acertar as contas" com o Hamas palestino, após a morte de seis reféns, cujos corpos foram encontrados na Faixa de Gaza, de acordo com o exército israelense. "O homem que mata reféns não quer um acordo" para um cessar-fogo e a libertação de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos, alegou Netanyahu, ameaçando o movimento islâmico palestino Hamas: 'Nós os caçaremos, os pegaremos e acertaremos as contas'.
Os corpos de seis reféns israelenses foram descobertos em um túnel do Hamas durante uma operação na noite de sábado (31) em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Os corpos foram identificados durante a noite, com confirmação do correspondente da RFI em Jerusalém, Michel Paul.
As vítimas incluem a jovem Eden Yerushalmi, de 24 anos, e Hersh Goldberg-Polin, de 23, um israelense-americano. Além deles, a israelense Carmel Gat, Alexander Lobanov, Almog Sarusi e Ori Danino. Sendo no total duas mulheres e quatro homens:
De acordo com as informações fornecidas pelo porta-voz do exército israelense, os reféns foram mortos por seus sequestradores pouco antes de serem descobertos, apenas um ou dois dias antes, conforme análise dos patologistas militares. Isso provavelmente ocorreu quando as forças israelenses estavam se aproximando do túnel onde eles estavam presos.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, sublinhou que os reféns foram "mortos a sangue-frio pelo Hamas" e o presidente israelense, Isaac Herzog, disse que "o coração de toda a nação foi partido em mil pedaços".
Pelo menos três das vítimas poderiam ter sido salvas
Um funcionário do Hamas palestino disse à agência de notícias AFP no domingo que "alguns" dos seis reféns, cujos restos mortais foram encontrados no sábado pelo exército israelense, "estavam na lista de reféns a serem libertados e que o Hamas havia aprovado".
A mídia israelense confirmou que o israelense-americano Hersh Goldberg-Polin e as duas israelenses Carmel Gat e Eden Yerushalmi estavam em uma lista de reféns a serem libertados durante a primeira fase de um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que vem sendo negociado há vários meses.
O canal de TV israelense i24news deu na íntegra o depoimento de parentes dos reféns mortos e dos que continuam possivelmente vivos:
"Dissemos ao gabinete de guerra: devemos resgatar imediatamente todos os reféns que ainda estão vivos, trazer de volta os mortos para que possam ser enterrados em Israel. A maneira de fazer isso é chegar a um acordo", sugeriu Yehudit Cohen, cujo filho Nimrod está sendo mantido como refém em Gaza.
Einav Moses, nora do refém Gadi Moses, afirma que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu "sabotou deliberadamente as negociações para um acordo" sobre a libertação dos reféns e que seu governo "abandonou os reféns". "O sangue dos reféns está nas mãos de Netanyahu e daqueles que cooperam com ele", disse ela.
"Benjamin Netanyahu mostrou que, para ele, a vida dos reféns é menos importante do que o posicionamento do exército israelense na fronteira entre o Egito e Gaza", concluiu.
As reações foram rápidas. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse: "Estou com o coração partido e com raiva. Os líderes do Hamas pagarão por esses crimes", declarou ao lamentar a morte do israelense-americano Goldberg-Polin.
Situação na Cisjordânia
Na Cisjordânia ocupada, onde o exército israelense continua uma vasta operação contra grupos armados pelo quinto dia, os serviços de emergência israelenses anunciaram a morte de três pessoas "em um ataque armado".
"Pausas humanitárias" também devem continuar no domingo na Faixa de Gaza, onde há quase 11 meses ocorre uma guerra entre Israel e o movimento islâmico palestino Hamas, para permitir a realização de vacinações em larga escala contra a poliomielite, que iniciou no sábado.
No sábado, "em um túnel sob a cidade de Rafah, as forças israelenses recuperaram os corpos de seis reféns mantidos pelo Hamas", incluindo o do israelense-americano Hersh Goldberg-Polin, anunciou Biden em uma declaração na noite de sábado, dizendo que estava "devastado e indignado".
(RFI com agências)
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