'Lenda brasileira da bossa nova': imprensa francesa repercute morte de Sérgio Mendes

A imprensa francesa deste sábado (7) repercute a morte do cantor de "Mas que nada" e "lenda brasileira da bossa nova", Sérgio Mendes. O músico brasileiro de 83 anos morreu em Los Angeles.  

O anúncio da morte de Sérgio Mendes feito por sua família em um comunicado na sexta-feira (6), suscitou imediatamente reações e homenagens do mundo artístico de todos os países. Ele "morreu tranquilamente" na quinta-feira (5), em Los Angeles, "cercado por familiares". "Sua esposa e parceira musical há 54 anos, Gracinha Leporace Mendes, estava ao seu lado, assim como seus queridos filhos", precisa o texto.

"Uma lenda da bossa nova se apagou", diz o site da Franceinfo. A matéria lembra que Mendes ajudou a popularizar o gênero musical internacionalmente com "Mas que nada", de 1966.

O músico fez seus últimos shows em novembro de 2023, em Paris, Londres e Barcelona, com todos os ingressos vendidos e "um entusiasmo contagiante", diz uma postagem em redes sociais do músico americano e amigo de Mendes, Herb Alpert, citado pela Franceinfo.

A causa de sua morte não foi revelada, mas ele lutava contra os sintomas de uma Covid longa desde 2023, destaca Le Figaro.

O jornal lembra que apesar de sua carreira ter estado em baixa nos anos 1970, ele voltou a ter sucesso em 2006, graças a diversas colaborações com bandas e artistas como Black Eyed Peas, Stevie Wonder ou Justin Timberlake.

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Ao longo de 60 anos de carreira, Sérgio Mendes publicou 39 álbuns, recebeu um Grammy Award, dois Latin Grammy Awards e uma nominação ao Oscar sem 2012 pela canção "Real in Rio", co-escrita com John Legend, para o filme de animação "Rio".

Paixão pelo jazz e sucesso internacional

Nascido no Brasil em 1941, Sérgio Santos Mendes seguiu uma formação de piano clássico, antes de desenvolver uma paixão pelo jazz. Ele se apresentou pela primeira vez em casas noturnas do Rio de Janeiro no final dos anos 1950, antes de se mudar para os Estados Unidos no início da década de 1960, no auge da onda da bossa nova.

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Seu talento como pianista e compositor de arranjos despertou o interesse de Tom Jobim. Seu domínio do jazz impressionou o saxofonista americano Cannonball Adderley, que escolheu seu grupo, Sexteto Rio, para gravar o álbum "Cannonball's Bossa Nova" em 1963.

Em 1966, Mendes alcançou sucesso internacional com o lançamento do álbum de estreia de seu grupo, Sergio Mendes & Brasil 66, que continha um cover da música "Mas que nada", composta pelo músico brasileiro Jorge Ben Jor. O título é o primeiro em português a se tornar um sucesso internacional. O álbum chegou ao top 10 das paradas americanas.

Ao longo de sua carreira, Mendes continuou a explorar uma música cativante, na qual mesclava habilmente a cadência do samba, o groove do jazz, as sutis harmonias vocais da bossa nova e o requinte do pop californiano, diz o Le Parisien.

Para o jornal, por trás do famoso músico e do aspecto comercial de suas canções, por vezes beirando a "escuta fácil", estava um artista com grande espontaneidade.

"Sou muito curioso, gosto de aprender, por isso falo francês de ouvido", confidenciou Sergio Mendes durante entrevista à AFP em Paris em 2014, citada pelo Le Parisien. "As raízes da minha música são brasileiras. No Brasil temos uma diversidade cultural e musical linda, entre a música da Bahia, do Rio de Janeiro, a música clássica, os ritmos da África", lembrou.

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