Conhaque: o novo símbolo da guerra comercial entre a China e a União Europeia

A Comissão Europeia anunciou nesta terça-feira (8) que pretende contestar na Organização Mundial do Comércio (OMC) as barreiras adotadas pela China contra as importações de conhaque provenientes de países da União Europeia. A decisão é mais um capítulo da guerra comercial travada entre a China e a União Europeia, que tem adotado tarifas aduaneiras nas importações de produtos chineses na entrada no bloco, principalmente os carros elétricos que inundam o mercado europeu. 

A partir da sexta-feira (11), a China exigirá que os importadores de conhaque europeu façam um depósito na alfândega chinesa. A medida terá duro impacto sobre os produtores franceses, que representam 95% das exportações europeias da bebida.

As novas exigências valem para todos os produtores europeus de brandy - apenas os que utilizam uvas da região francesa de Cognac podem usar o nome conhaque. 

Na bolsa de valores, as ações do setor sofreram imediatamente: nesta terça-feira, a cotação da Rémy Cointreau caiu 6,37% para  € 61,75 por volta das 7h25 GMT, enquanto os papéis da Pernod Ricard perderam 3,12%, caindo para € 127,35.

"Consideramos estas medidas infundadas e estamos determinados a defender a indústria europeia contra a utilização abusiva de instrumentos de defesa comercial", disse Olof Gill, porta-voz da Comissão Europeia. "A Comissão Europeia contestará na OMC a anunciada imposição de medidas antidumping provisórias pela China sobre as importações de conhaque da UE", explicou.

Guerra comercial

Pequim tomou essa decisão após a UE ter aplicado taxas alfandegárias adicionais sobre as importações de carros elétricos fabricados na China. Em uma esperada reunião em Bruxelas, na última sexta-feira (4), 10 países votaram a favor, 12 abstiveram-se e cinco votaram contra esta iniciativa, que prevê taxas provisórias de até 36% sobre os veículos elétricos chineses, que seriam adicionadas à já existente de 10%.

Estes anúncios surgem em um contexto de tensões crescentes entre a China e a União Europeia (UE), um parceiro comercial essencial para o gigante asiático.

O objetivo das medidas da UE contra as importações chinesas de automóveis elétricos foi de restaurar condições de concorrência equitativas com os fabricantes acusados ??de lucrar com enormes subsídios públicos.

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O Comissário Europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, reagiu nesta terça-feira afirmando que as decisões europeias em relação aos veículos elétricos chineses eram "justas e proporcionais", e que Pequim não precisava tomar medidas de retaliação. "Somos razoáveis. Realizamos uma investigação séria, (...) tomamos decisões adequadas e muito proporcionais, e não creio que haja razão para reagir a estas decisões proporcionais com represálias", disse Gentiloni.

A ministra do Comércio da França, Sophie Primas, reforçou o mesmo discurso. "Em conjunto com a Comissão Europeia, iremos contestar esta decisão perante o órgão de liquidação de disputas na OMC", disse ela, em comunicado à agência Reuters. "Acho essas medidas incompreensíveis", acrescentou.

Ao anunciar o estabelecimento de sobretaxa às importações de conhaque, o ministério do Comércio chinês anunciou que também estuda abrir "investigações antidumping e compensatórias sobre outros produtos, como a carne de porco, subprodutos de carne de porco e produtos lácteos importados da UE".

(Com AFP)

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