Morte do chefe do Hamas: imprensa francesa expressa ceticismo sobre fim da guerra em Gaza

Os principais jornais franceses reagem nesta sexta-feira (18) à morte do chefe do grupo Hamas, Yahya Sinwar. Israel anunciou na véspera ter eliminado o líder do movimento terrorista após uma operação de seu exército na Faixa de Gaza.

"O fim de um chefe sanguinário" é a manchete do jornal Libération, que estampa sua capa com uma foto de página inteira do rosto de Sinwar diante de uma rua destruída por bombardeios em Gaza. O diário questiona se a morte do inimigo número 1 do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pode realmente colocar um fim à guerra.

Em editorial, Libé lembra que o chefe do Hamas foi "o principal mandante" do fatídico 7 de outubro de 2023, "o pior dia da história contemporânea de Israel, que resultou no massacre mais mortal da história palestina", diz o texto. Essa "dinâmica sanguinária e incontrolável" se estende a boa parte do Oriente Médio hoje, do Irã ao Iêmen, passando pelo Líbano, reitera o jornal.

A morte de Sinwar também está na capa do jornal Le Figaro, que aborda, em editorial, "uma vitória militar israelense". O diário afirma que após um ano e dez dias de guerra, Netanyahu obtém finalmente sua revanche. Para o jornal, a eliminação de Sinwar é uma prova de que o premiê israelense "tinha razão de manter suas tropas em Gaza, apesar da pressão internacional, da oposição política, das famílias dos reféns e mesmo de uma parte de suas forças". 

No entanto, para o editorialista, a vingança ocorre junto a um longo suplício da população civil do enclave palestino e não resolve o problema por completo. A batalha não pode ser considerada vencida se Israel não conceber um plano para o pós-guerra, considerando uma solução política para a Faixa de Gaza. "Cabe a Netanyahu mostrar que não é somente um mestre da guerra, mas um homem de Estado", afirma Le Figaro.

O jornal Le Parisien se concentra na operação do exército israelense que resultou na eliminação de Sinwar no sul do território, que não visava inicialmente encontrá-lo. Foi uma perseguição perto de um campo de refugiados nos arredores de Rafah que conduziu soldados de Israel a um imóvel onde se escondia o líder do Hamas. Após centenas de tiros que levaram parte do prédio a desmoronar, o corpo de Sinwar foi encontrado sem vida nos escombros. 

Apesar das comemorações em Tel Aviv, Le Parisien expressa seu ceticismo sobre o efeito que terá a morte do 'cérebro' dos ataques de 7 de outubro de 2023. Segundo o jornal, a eliminação é um marco simbólico e estratégico, mas "ele embaralha mais uma vez as cartas, em um conflito que não para de incendiar o Oriente Médio". 

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