Trigêmeas palestinas hospitalizadas em Jerusalém estão separadas da mãe desde o início da guerra

As três bebês nasceram prematuras e tiveram de ser hospitalizadas em Jerusalém. A mãe, Hanane, não tinha autorização para ficar no território e voltou à Faixa de Gaza poucos dias após o parto, planejando voltar para buscar as meninas em outubro, mas com a guerra entre Israel e o Hamas e o bloqueio ao enclave palestino, as três meninas e a mãe estão separadas há um ano. 

Najwa, Najma e Nour nasceram em 24 de agosto de 2023 no hospital Al-Makassad, ao leste de Jérusalem. Logo após o parto, Hanane teve de voltar à Gaza porque não tinha autorização israelense para ficar. As bebês foram autorizados a permanecer em Jerusalém por motivos médicos. 

As trigêmeas moram no hospital onde nasceram e são cuidadas pelos médicos e enfermeiros, enquanto a mãe está impedida de voltar para buscá-las. Sua demanda de autorização especial para sair de Gaza, feita pouco antes de 7 de outubro, foi rejeitada pelas autoridades israelenses. 

Mayssoun, enfermeira infantil, aproveita seu tempo livre para cuidar das bebês. "Elas passam o tempo todo repetindo 'adja, adja', que significa 'ela está vindo' ou 'ela está chegando'", explica a enfermeira, que tenta entretê-las para que "não sofram com a ausência da mãe". 

"De certa forma, cumprimos o papel da mãe. Ensinamos a falar. Não sabemos o que vai acontecer, se um dia poderão encontrar com seus pais", diz. 

"Tentamos manter contato, os pais ligam para elas, mas as ligações com Gaza são complicadas", lamenta a enfermeira. 

Laços com as crianças

Apesar disso, a equipe do hospital tenta manter o contato com a mãe das meninas. A assistente social Salam Rabee pediu a Hanane, Hanane, que mora em Khan Younes, que enviasse um vídeo dela falando com as filhas, para preservar os laços com as crianças, mesmo em caso de interrupção da rede telefônica.

"São os primeiros bebês desta mãe de Gaza. Ela tentava ter filhos há cinco anos. Ela engravidou através de fertilização in vitro. Ela está tão afetada por esta situação", afirmou. "Às vezes ela diz: 'graças a Deus elas não estão comigo em Gaza, estão mais seguras em Jerusalém'. Outras vezes: "Traga de volta minhas filhas. Quero tê-las em meus braços. E mesmo que todos tenhamos que morrer em Gaza, pelo menos morreremos juntos", relata a assistente social. 

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No Hospital al-Makassed, o pediatra neonatal Hatem Khammash luta para que Hanane possa voltar. "Os israelenses primeiro queriam transferir as crianças para a Cisjordânia. Eles não querem os habitantes de Gaza em Jerusalém, porque consideram Jerusalém parte de Israel. Então eles queriam mandar as crianças para Ramallah ou Belém. Eu me opus. Eles disseram: 'Tudo bem, você pode ficar com os bebês''', relata.

"Para ser sincero, eles não nos pressionam mais. Pelo contrário, somos nós que os pressionamos para que permitam a volta da mãe destas crianças", diz. 

Quando contactada, a administração militar israelense responsável pelos civis palestinos afirma que deve verificar a informação.

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