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'Heróis de luta', diz opositora após libertação de 225 presos na Venezuela

Manifestantes contra reeleição de Nicolás Maduro em protesto em Caracas Imagem: 3.ago.2024-Federico Parra/AFP

Elianah Jorge;

Correspondente da RFI em Caracas

17/11/2024 11h36Atualizada em 17/11/2024 11h59

Pelo menos 225 dos mais de 2.400 detidos durante os protestos contra a questionada reeleição do presidente Nicolás Maduro em julho foram libertados na Venezuela, informou o Ministério Público no sábado (16). A ONG Foro Penal, à frente da defesa dos presos políticos, havia constatado até as 19h (21h de Brasília) a libertação condicional de 107 pessoas.

"Entre a tarde de sexta-feira 15 e sábado 16 foram concedidas e executadas 225 medidas de liberdade a pessoas processadas pelos atos de violência ocorridos após as eleições de 28 de julho", indicou o MP em um comunicado.

O Observatório Venezuelano de Prisões informou que entre os libertados havia "quatro adolescentes" que estavam detidos em Guárico (centro). Segundo dados do Ministério Público, 164 adolescentes foram presos durante a onda de manifestações, dos quais 69 continuam atrás das grades.

Os relatos sobre as libertações começaram a surgir na madrugada de sábado, horas após o procurador-geral Tarek William Saab anunciar, na sexta-feira, que a situação de 225 presos políticos estava sendo reavaliada pela Justiça venezuelana.

Entre os beneficiados estão Enzo Scarano, que foi levado de forma arbitrária por agentes de segurança do governo venezuelano após sair com o pai, o político Enzo Scarano, do último protesto realizado pela líder da oposição, Maria Corina Machado. No entanto, ele continuava preso até 19h de sexta-feira.

De acordo com o jornal ABC da Espanha, dois espanhóis foram soltos. O diário afirma que o consulado da Espanha na Venezuela teria informado que "dois presos políticos espanhóis saem em condições muito peculiares, com regime de apresentação periódica ao tribunal e sob a promessa de não fazer declarações (públicas)".

Do total de detidos, 900 são considerados por ONGs como prisioneiros políticos; entre eles, há nove jornalistas.

Oposição critica prisões arbitrárias

O ex-diplomata Edmundo González, que disputou a eleição contra Maduro e afirma ter vencido o pleito, disse que "a libertação dos presos políticos é um passo para a reparação das vítimas de violações de direitos humanos". "Não podemos esquecer que eles foram presos injustamente", acrescentou o opositor. Desde setembro, González se refugiou na Espanha para fugir das ameaças e pressões de Maduro.

Já a líder de oposição Maria Corina Machado, que está na clandestinidade por temer ser presa, afirmou pelas redes sociais que os presos políticos são cidadãos que sofreram injustamente danos irreparáveis. "Eles são heróis desta longa e dolorosa luta. Todos os presos políticos ainda em cativeiro merecem liberdade imediata", enfatizou.

Na última quinta-feira (14) o preso político Jesus Martínez morreu na prisão após complicações de saúde. O dirigente político de 36 anos sofria de diabetes e foi preso de forma arbitrária após ter sido observador nas eleições de 28 de julho.

Espera-se que nas próximas horas mais presos políticos sejam libertados, entre eles adolescentes e mulheres.

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