Governo francês pode ter moção censura aprovada pela esquerda e extrema direita de Marine Le Pen
De forma quase unânime, nesta terça-feira (3), a imprensa francesa segue de olho na crise que se instaurou no governo do primeiro-ministro Michel Barnier, após o uso de manobra constitucional para aprovar o orçamento de 2025 sem passar pela Assembleia Nacional.
Barnier enfrenta resistência dos parlamentares e encontra-se em uma posição extremamente frágil que pode derrubar seu governo recém-instalado e sem maioria no Parlamento, poucos dias antes do feriado de Natal. Enquanto isso, ele aguarda o resultado da censura esperada para os próximos dias, ao que tudo indica, com acordo da esquerda francesa e do partido de extrema direita Reunião Nacional (RN).
O jornal Le Figaro chama a atenção para Marine Le Pen, líder dos deputados do RN, que anunciou na tarde de segunda-feira que votará a favor de todas as moções de censura contra a invocação do artigo 49.3 por Barnier, até as apresentadas pelos partidos de esquerda. O jornal aponta que "o RN também apresentará uma moção de censura, mas não espera que a esquerda vote a favor da sua".
O diário de esquerda Libération também destaca a própria Le Pen e diz: "Até o fim, Michel Barnier tentou persuadir Marine Le Pen. Em vão: a líder da extrema-direita não considerou suas concessões suficientes. O RN votará a favor da moção para derrubar o governo", pontuou o impresso, que avisa ainda que essa seria a primeira queda de um governo desde 1962, ou seja, o mais curto das últimas seis décadas.
Crise que vem se aprofundando
Para Le Monde, a crise política no executivo francês não começa agora. O jornal relembra a dissolução da Assembleia Nacional pelo presidente Emmanuel Macron, em 9 de junho, que, conforme a publicação, aprofundou o cenário, de acordo com uma pesquisa de opinião da Ipsos. "Quando decidiu dissolver a Assembleia Nacional em 9 de junho, o presidente da República, Emmanuel Macron, queria um 'retorno ao povo', após as eleições europeias que não foram muito favoráveis ao seu grupo", mas segundo o jornal, a atitude não teve os efeitos desejados "dado o risco de censura que o primeiro-ministro, Michel Barnier, está enfrentando ao aprovar a Lei de Finanças do Estado e a Lei de Financiamento da Previdência Social para 2025", detalha o tradicional diário.
Le Parisien tenta explicar nesta terça-feira os motivos da moção de censura da líder da extrema-direita francesa e afirma que, embora ela insista que "não está buscando a renúncia de Emmanuel Macron, Marine Le Pen reconheceu em La Tribune (jornal de economia) que, como a dissolução foi usada, 'a Constituição daria ao presidente apenas uma saída: a renúncia'", o jornal francês se refere a esta hipótese como "um belo presente de Natal" para Le Pen.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.