Após pressão de Trump, empresa de Hong Kong negocia portos com norte-americanos no Canal do Panamá
No seu discurso ao Congresso, o presidente Donald Trump disse que os Estados Unidos iriam "retomar" o Canal do Panamá. A declaração foi feita um dia após a empresa Hutchinson, de Hong Kong, anunciar um acordo com um consórcio liderado pelos norte-americanos da BlackRock para a venda da maior parte dos portos que opera, incluindo os dois do Canal do Panamá.
A operação poderá custar ao consórcio americano um total de US$ 19 bilhões e satisfazer Donald Trump, que gostaria de recuperar influência na área. "Para fortalecer ainda mais a nossa segurança nacional, a minha administração irá retomar o Canal do Panamá e já começamos a fazê-lo", declarou o presidente norte-americano na noite de terça-feira (4), em referência a este acordo. Donald Trump ameaçou retomar o canal desde o dia da sua posse, alegando que este é, segundo ele, explorado pela China.
Na terça-feira, quando o acordo foi anunciado, as autoridades panamenhas limitaram-se a tomar conhecimento da venda dos dois portos geridos pela empresa Hutchinson, de Hong Kong, em ambas as extremidades do Canal do Panamá. "Esta é uma transação global entre duas empresas privadas, motivada pelos seus interesses mútuos", reagiu a presidência do pequeno país da América Central.
O comunicado de imprensa indica apenas que "o governo garantirá que os regulamentos e leis locais sejam respeitados". Mas o texto especifica sobretudo que a auditoria atualmente em curso sobre o funcionamento destas duas infraestruturas será, no entanto, finalizada. Esta inspeção foi realizada há algumas semanas, quando Donald Trump fez pressão, denunciando o controle da China sobre o canal.
A acusação foi surpreendente, uma vez que o Panamá tem autoridade total sobre o canal, e a Hutchinson - presente no Panamá desde 1997, e cuja concessão de 25 anos foi renovada em 2021 - geria apenas dois dos portos da zona, sendo um dos outros três já operado por uma empresa americana. O gigante de Hong Kong garantiu que a sua retirada do Panamá nada teve a ver com as ameaças de Trump.
A questão agora é saber se a provável compra dos portos de Balboa e Cristobal pelo consórcio liderado pela BlackRock será suficiente para satisfazer o presidente americano.
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