Papa Francisco completa 12 anos de pontificado sem celebração devido a seu estado de saúde
Nesta quinta-feira (13) o papa Francisco cumpre 12 anos de pontificado e passa a data internado em um hospital de Roma para tratamento de saúde. O Vaticano informou esta manhã que o pontífice passou uma noite tranquila. Uma missa de ação de graças por seus anos de pontificado foi celebrada na capela do hospital pela manhã.
Gina Marques, correspondente da RFI em Roma
Segundo o boletim médico divulgado na noite de quarta-feira (12), as condições de Francisco, de 86 anos, são estáveis, embora a situação ainda permaneça muito delicada.
A última radiografia de tórax confirma as melhoras observadas nos últimos dias, de acordo com o boletim médico. Presume-se que a situação da pneumonia da qual o pontífice sofre tenha melhorado, de acordo com fontes do Vaticano.
O papa, no entanto, continua recebendo oxigênio por cânulas nasais durante o dia e usando máscara à noite. Ele passa os dias no hospital assistindo às atividades espirituais da Quaresma que ocorrem na Sala Paulo VI, dentro da Cidade do Vaticano, além de realizar tratamentos, fisioterapia respiratória e motora, e se dedicar a orações.
Apesar de ser feriado hoje no Vaticano, segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé, nenhuma comemoração está planejada para os 12 anos de pontificado. O Papa passa o aniversário do pontificado em seu quarto no décimo andar do Policlínico Gemelli. Alguns fiéis trazem cartazes dando parabéns a Francisco lembrando da sua importante eleição.
"O Papa Francisco tem 12 anos de pontificado. Acho que é um papado com muitas conquistas para a Igreja Católica, no sentido das reformas, principalmente na ala progressista", diz o paraense Oleno, que viajou a Roma e fala da importância do pontificado de Francisco.
Vindo de Belém do Pará, Oleno destaca que neste pontificado a Igreja Católica tem se aproximado mais dos fiéis.
"Então a gente vê no Brasil, por exemplo, muitos católicos indo para a religião evangélica. Lá, de onde nós somos, da Amazônia, por exemplo, a gente percebe que as comunidades ribeirinhas, a maioria, você tem uma Igreja Evangélica, mas a Igreja Católica é muito distante. Então acho que a Igreja Católica tem essa missão de se aproximar dos fiéis, principalmente os mais vulneráveis. E na Amazônia, durante o pontificado do Papa Francisco, a gente tem as igrejas chegando mais próximo dos ribeirinhos, por exemplo", diz, ressaltando a recente mensagem de Francisco para a Campanha da Fraternidade no Brasil.
"Em relação à Campanha da Fraternidade, por exemplo, a gente vê o Papa Francisco mandando recados para Belém, onde vai ser a COP 30, falando da importância da natureza, tanto para questão da religião, quanto para o dia a dia mesmo, para você conservar a natureza como a região amazônica, por exemplo, a floresta, os povos originários e tudo mais", diz.
Papa reformista
Francisco abre precedentes na Igreja Católica, não só porque é o primeiro papa latino-americano da história e o primeiro jesuíta. Ele foi eleito para reformar. Antes da sua escolha, diversos escândalos financeiros e de abusos sexuais mancharam a imagem da Igreja.
Nestes 12 anos de pontificado, Francisco fez diversas reformas financeiras e administrativas no Vaticano. Uma das principais é a Reforma da Cúria Romana, o governo central da Igreja. Ele abriu a possibilidade que laicos, inclusive mulheres, possam comandar os dicastérios, ou seja, os ministérios da Santa Sé. A reforma já está em prática com duas mulheres, ambas religiosas: Raffaella Petrini, nomeada Governadora do Estado da Cidade do Vaticano, e Simona Brambilla, a primeira prefeita do dicastério para a Vida Consagrada.
Francisco propõe também derrubar as barreiras da marginalização. "Quem sou eu para julgar uma pessoa homossexual?", declarou em 2013.
Desde que assumiu o papado, ele defende o acolhimento de divorciados na Igreja Católica, inclusive com a possibilidade de comunhão para aqueles que se casam de novo, postura criticada pelo clero ultraconservador.
O papa abraça os princípios do Concílio Vaticano II, que na década de 1960 modernizou a Igreja Católica. Como jesuíta, propõe sínodos, reuniões entre eclesiásticos e leigos do mundo inteiro para avaliar os caminhos da Igreja. Já realizou os sínodos sobre a Família, sobre os Jovens e sobre a Amazônia.
Jorge Bergoglio ressalta a importância da preservação ambiental e a da harmonia entre o homem e a natureza. Temas ecológicos tratados profundamente no documento Laudato Si, a segunda das quatro encíclicas que escreveu.
O estilo de Francisco também trouxe mudanças à instituição milenar da Santa Sé: optou por viver em um apartamento sóbrio na Casa de Santa Marta, rejeitando o suntuoso Palácio Apostólico.
Ele almoça frequentemente com moradores de rua, lava pés de presidiários em cerimônias, prefere usar uma linguagem franca e andar em carro popular. Ele escolheu portar um crucifixo de prata e não de ouro, usa calçados pretos e não vermelhos como os dos antecessores, recusando simbolicamente o luxo da Igreja.
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