EUA e Irã trocam ameaças após bombardeios americanos que mataram mais de 30 pessoas no Iêmen

Ao menos 31 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas no Iêmen, em uma série de bombardeios americanos contra os rebeldes huthis, anunciaram as autoridades locais neste domingo (16). O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e lideranças iranianas trocaram uma série de ameaças após os ataques que são os maiores no Oriente Médio desde a volta do líder republicano à Casa Branca.

Os bombardeios que atingiram no sábado (15) a capital Sanaa, além de localidades no centro e no norte do Iêmen, foram classificados por Trump como "uma ação militar decisiva e poderosa", prometendo "um inferno" aos insurgentes huthis. "Usaremos uma força letal avassaladora até atingirmos nosso objetivo", acrescentou o presidente americano em sua rede social Truth Social.

Segundo o Ministério da Saúde dos huthis, "a maioria das vítimas são crianças e mulheres". Os insurgentes, que controlam grandes áreas do Iêmen devastado pela guerra, incluindo Sanaa, alertaram que os ataques americanos "não ficarão sem resposta". "Nossas forças estão prontas para responder à escalada com uma escalada", alertou o comunicado o escritório político dos rebeldes, classificados como "organização terrorista estrangeira" pelos Estados Unidos.

Pressão sobre o Irã

Os bombardeios ocorrem em um momento em que Washington aumenta a pressão sobre Teerã, que apoia os rebeldes huthis. Um dos objetivos é tentar de convencer as autoridades iranianas a negociar sobre seu programa nuclear, mas também demonstrar apoio à Israel, que recentemente foi alvo de ameaças do regime de Sanaa.

Por meio da Truth Social, no sábado, Trump também convocou o Irã a colocar um fim imediato no apoio aos rebeldes huthis, prometendo represálias. "Não ameacem o povo americano, seu presidente (...) nem as rotas marítimas do mundo. E se o fizerem, cuidado, porque os Estados Unidos os considerarão responsáveis e não lhes faremos nenhum favor!", escreveu o líder republicano na plataforma.

No dia 11 de março, os huthis anunciaram que retomariam seus ataques contra embarcações que considerassem vinculadas a Israel no Mar Vermelho. O grupo alegou que tomou a decisão porque o governo israelense interrompeu o fornecimento de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, devastada pela guerra.

Teerã promete "respostas apropriadas" 

O Irã não demorou a reagir às ameaças de Trump e classificou os bombardeios americanos no Iêmen de "bárbaros", sublinhando que os ataques mataram "dezenas de mulheres e crianças inocentes". Na rede social X, o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, afirmou que os Estados Unidos não têm "nenhuma autoridade e nenhum direito de ditar a política exterior do Irã". 

Continua após a publicidade

Já o general iraniano Hossein Salami, chefe da Guarda da Revolução Islâmica, afirmou na televisão estatal neste domingo que quem ameaçar o Irã receberá "respostas apropriadas". O líder da segurança interna do país também lembrou que os huthis "tomam as suas próprias decisões estratégicas e operacionais", com total independência do Irã. 

Outro país a reagir foi a Rússia. O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, disse ao chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, que todas as partes deveriam se abster de "usar a força" no Iêmen e iniciar um "diálogo político" para evitar "mais derramamento de sangue". Segundo o comunicado divulgado neste domingo pelo Kremlin, a recomendação foi feita durante uma conversa telefônica na véspera entre os dois representantes, que dialogaram sobre a sequência das negociações para um cessar-fogo na Ucrânia.

(Com informações da AFP)

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.