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Vazamento de mensagens no governo Trump mostra 'desprezo pelos europeus'

Michael Waltz, conselheiro de Segurança Nacional do governo Trump, acidentalmente colocou um jornalista em um grupo de troca de mensagens da equipe de segurança nacional dos EUA - ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP Michael Waltz, conselheiro de Segurança Nacional do governo Trump, acidentalmente colocou um jornalista em um grupo de troca de mensagens da equipe de segurança nacional dos EUA - ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
Michael Waltz, conselheiro de Segurança Nacional do governo Trump, acidentalmente colocou um jornalista em um grupo de troca de mensagens da equipe de segurança nacional dos EUA Imagem: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

25/03/2025 12h40

A imprensa francesa repercute nesta terça-feira (25) o escândalo que abala ainda mais as relações já conturbadas entre o governo de Donald Trump e a União Europeia. As revelações feitas pelo editor-chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg, incluído por engano em um grupo de troca de mensagens da equipe de segurança nacional dos Estados Unidos na rede social Signal, "demonstram o desprezo de Trump pelos europeus", observa o portal de notícias FranceInfo.

A imprensa francesa repercute nesta terça-feira (25) o escândalo que abala ainda mais as relações já conturbadas entre o governo de Donald Trump e a União Europeia. As revelações feitas pelo editor-chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg, incluído por engano em um grupo de troca de mensagens da equipe de segurança nacional dos Estados Unidos na rede social Signal, "demonstram o desprezo de Trump pelos europeus", observa o portal de notícias FranceInfo.

O jornalista da revista The Atlantic, inserido acidentalmente no grupo, como admitiram as autoridades em Washington, pôde acompanhar as discussões sobre um plano de ataques aos rebeldes houthis do Iêmen, em meados de março. O grupo no Signal era composto pelos principais encarregados da segurança dos EUA: o secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, o secretário de Estado, Marco Rubio, uma pessoa identificada como o vice-presidente J.D. Vance, a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Waltz, a chefe de gabinete de Trump, Susie Wiles, e o assessor do presidente republicano Stephen Miller.

O jornal Le Figaro reproduz detalhadamente os trechos da discussão com críticas ácidas aos europeus. Na véspera dos ataques aos houthis, que ocorreram no dia 15 de março, o vice-presidente J.D. Vance expressou dúvidas sobre a pertinência da operação. Vance argumentou que apenas 3% do comércio dos EUA transitava pelo Canal de Suez, contra 40% do comércio europeu. O vice de Trump, ex-senador do Ohio, estimou que havia um risco real de que o público [americano] não entendesse porque o ataque aos houthis era necessário. Na sequência, Vance afirmou que odiava "salvar a Europa".

O secretário de Defesa, Pete Hegseth, logo acrescentou que compartilhava com Vance a "aversão" ao modo como os europeus "vivem às custas" dos Estados Unidos. "É PATÉTICO", escreveu Hegseth em letras maiúsculas. Mike Waltz interveio para afirmar, com números para comprovar, que os europeus eram incapazes de resolver o problema por seus próprios meios. Em seguida, Waltz informou que já estava levantando os custos do ataque para enviar o aviso de cobrança aos europeus.

Democratas pedem investigação

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional confirmou a autenticidade da conversa. O vazamento gera indignação entre a oposição democrata.

O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, descreveu-a como "uma das violações mais surpreendentes à inteligência militar" que ele viu em "muito tempo" e pediu uma investigação completa. "O descuido mostrado pelo gabinete do presidente Trump é impressionante e perigoso", disse Jack Reed, outro senador. Hillary Clinton - a quem Trump criticou repetidamente por usar um servidor de e-mail privado enquanto era secretária de Estado - compartilhou na rede social X o artigo de The Atlantic com a frase: "Você só pode estar brincando".

"Essa história estranha atesta um certo nível de amadorismo reinante no governo Trump. E constitui uma das violações de segurança mais retumbantes da história militar americana recente", assinala o jornal francês Libération.

Trump refere-se ao vazamento como um "pepino"

Nesta terça-feira, Trump minimizou o vazamento de planos militares secretos para um jornalista, referindo-se ao escândalo como um "pepino". Em uma ligação telefônica à NBC, Trump disse que a inclusão do jornalista em um grupo de discussão confidencial foi "a única falha em dois meses [de governo] e, no final das contas, não foi séria".

Ele acrescentou que Mike Waltz, o conselheiro de segurança nacional cuja conta no Signal foi a fonte do vazamento, "aprendeu uma lição".

"Nenhum 'plano de guerra' foi discutido" e "nenhuma informação confidencial foi compartilhada sobre a discussão", disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, no X.


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