Feira de automóveis de Xangai abre com novidades em carros elétricos e sob temores de taxas de Trump
A maior feira de automóveis do mundo abriu nesta quarta-feira (23) em Xangai com as últimas novidades tecnológicas em carros elétricos, em meio a barreiras comerciais que colocam em xeque as ambições globais da China.
Com quase 1.000 expositores, os fabricantes estrangeiros de automóveis tentam provar que conseguem acompanhar o ritmo das ultracompetitivas montadoras chinesas que dominam o setor elétrico.
As empresas alemãs, outrora dominantes no gigante asiático, apresentaram-se na feira como fabricantes de carros "na China e para a China".
A Volkswagen, maior grupo estrangeiro no país, apresentou uma nova linha de veículos elétricos e um sistema de assistência ao motorista especialmente projetado para o ecossistema digital chinês.
O CEO da BMW, Oliver Zipse, subiu ao palco do estande da marca a bordo de um SUV futurista da nova série "Neue Klasse".
"Na BMW continuaremos a defender (...) os mercados abertos", declarou Zipse, acrescentando que "os desafios globais exigem cooperação global", em uma aparente referência às tensões comerciais causadas pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Competição acirrada
As marcas estrangeiras enfrentam uma competição brutal de dezenas de concorrentes locais.
O apoio do governo chinês ao desenvolvimento de veículos elétricos e híbridos impulsionou o mercado interno, que, segundo analistas, é mais jovem e receptivo à inovação.
O Auto Xangai, que vai até 2 de maio, contará com uma enxurrada de lançamentos.
Entre os expositores estão estatais gigantes, startups como Nio e Xpeng, empresas de tecnologia como a Huawei, que também atuam no setor, além da marca de eletrônicos de consumo Xiaomi, que agora virou montadora de carros.
As empresas chinesas avançaram mais rapidamente e com mais inovação tecnológica, impulsionadas pela intensa concorrência doméstica.
Uma enorme multidão se aglomerou no estande da campeã local BYD para a apresentação de cinco novos carros da linha Ocean, além de um SUV de luxo da sua marca premium Yangwang e um carro esportivo da linha Denza.
O executivo da Nio, William Li, apresentou na quarta-feira o modelo ET9, movido por dois chips patenteados de direção inteligente.
A Xpeng revelou suas novas baterias com tecnologia de inteligência artificial, capazes de proporcionar 420 km de autonomia com apenas 10 minutos de carga.
No entanto, várias empresas individuais já faliram, e marcas como SAIC Motor, BYD e Geely travam uma guerra de preços acirrada.
"O setor é extremamente competitivo e nem todos vão sobreviver", afirmou à AFP o presidente da Xpeng, Brian Gu.
Muitas montadoras chinesas têm planos de expansão internacional, buscando garantir seu futuro com vendas no sudeste asiático, Europa e América Latina.
Entretanto, a Nio admitiu na terça-feira ter subestimado as dificuldades da expansão na Europa, mencionando obstáculos logísticos e tarifas que comprometem a competitividade de seus preços.
Preocupação com tarifas
As tarifas também preocupam as empresas estrangeiras que fabricam carros na China, como as americanas General Motors e Ford.
Pequim e Washington continuam em impasse após a política tarifária do presidente Donald Trump desencadear uma escalada entre as duas potências, que atualmente mantêm tarifas recíprocas elevadíssimas.
Desde o ano passado, os fabricantes chineses enfrentam tarifas adicionais impostas pela União Europeia, que considera que os subsídios estatais chineses prejudicam os fabricantes europeus.
As exportações para a Rússia e o Oriente Médio ajudaram a amortecer esses impactos, segundo a consultoria AlixPartners.
Outros desafios são internos, como a fraca recuperação econômica após a pandemia.
Ainda assim, o analista alemão Ferdinand Dudenhoeffer afirmou na terça-feira, em nota, que Xangai mostra que a China continua forte.
"Se a nossa indústria automobilística quer recuperar seu sucesso do passado, precisa ser mais como a China", defendeu ele.
(com AFP)
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