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PSDB pede indiciamento de José Dirceu em voto na CPI do Cachoeira

Daniela Martins

10/12/2012 21h39

O PSDB apresentou voto em separado na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Cachoeira em que pede o a investigação e o posterior indiciamento do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e de mais sete pessoas. O documento foi apresentado para tentar substituir o relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG), que tem a votação marcada para esta terça-feira.

O texto também pede o indiciamento do ex-presidente da empreiteira Delta Construções Fernando Cavendish, do ex-ministro das Comunicações Hélio Costa, do ex-diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) Luiz Antônio Pagot e do deputado José de Filippi (PT-SP).

O texto aponta que o relatório final apresentado no colegiado "conclui de forma insuficiente o rol de indiciamentos" e que, por isso, as autoridades competentes deveriam aprofundar as investigações com o posterior indiciamento dessas oito pessoas, além das que já constam no relatório de Cunha.

Segundo o voto em separado, assinado por sete parlamentares tucanos e pelo senador "independente" Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), os indiciamentos propostos surgem da "recusa do relator em investigar, em sua integralidade, o esquema criminoso de desvio de recursos públicos patrocinado pela empresa Delta Construções S/A por intermédio de suas fantasmas".

O voto em separado aponta a contratação da empresa de consultoria do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu pela construtora Delta, apontada com ligações ao esquema de Carlinhos Cachoeira, acusado de chefiar uma rede ilegal de jogos de azar. O texto destaca que a Delta usava a Sigma, empresa que tinha Cavendish como um dos sócios, para pagar faturas em que a empreiteira não queria aparecer.

Baseada em reportagem da revista "Veja", a sigla afirma que Sigma era "orientada a simular a prestação de serviços para justificar a saída de recursos da empresa Delta para o pagamento de propinas". "Ademais, seguindo orientações de Cavendish, a Sigma emitia notas fiscais frias para justificar o recebimento desses recursos. A partir dessa simulação, funcionários, dirigentes e, até mesmo, José Dirceu, ex-consultor da empresa Delta, foram aquinhoados com recursos desviados da Petrobras".

O texto diz também que, em entrevista à "Veja" em maio do ano passado, os ex-donos da Sigma, José Augusto Quintella Freire e Romênio Marcelino Machado, acusaram o ex-ministro de fazer tráfico de influência em favor da empreiteira Delta. Segundo Quintella, José Dirceu foi contratado para facilitar negócios com o governo federal. No início deste ano, a Delta era apontada como a principal empreiteira do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

O texto sugere o indiciamento de Dirceu pelos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, corrupção ativa, fraude e patrocínio privado em licitação, além de manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação, o chamado "caixa dois", "em razão do conjunto probatório reunido no presente inquérito parlamentar".