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Reportagem

Diretor do Fórum de Segurança: Polícia descontrolada estimula criminalidade

O descontrole da polícia pode resultar no estímulo da criminalidade, afirmou Renato Sérgio de Lima, diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ao Análise da Notícia desta terça-feira (12).

Quando a gente faz análise de segurança pública, é quase sempre análise de tragédias. Mas acho que a gente pode resumir o atual momento em um fio condutor — que é extremamente grave e exige uma atenção que não estamos dando — que é o descontrole das polícias brasileiras, incluindo a de São Paulo.

A gente está com polícias descontroladas, e no mundo todo, onde polícia não é controlada, a polícia perde a mão. A polícia exagera, começa a cometer exagero não apenas individual, mas também em termos de instituição e corporação.

Renato Sérgio de Lima comentou as declarações do secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, sobre a morte de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, assassinado no aeroporto de Guarulhos, na última segunda-feira (11).

Derrite afirmou que os quatro policiais militares que acompanhavam a vítima e outros agentes já estavam sendo investigados pela Corregedoria há um mês.

O nosso secretário, Guilherme Derrite, declarou "nós não vamos aceitar que policiais cometam crimes", em relação a esse caso específico do aeroporto de Guarulhos, com o empresário [Vincícius] Gritzbach, mas ele não falou a mesma coisa quando o menino Ryan foi assassinado brincando na frente de casa.

Fazendo um trocadilho com a fala dele, que acusou uma deputada de fazer vitimismo barato [com a morte da criança], eu acho que ele faz valentia barata quando ele não reconhece o uso da polícia e que é precisa reforçar os mecanismos da polícia. Não aceitar crimes significa [implementar uma] política radical de controle, de transparência, de correição.
Renato Sérgio de Lima, diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

O diretor do Fórum de Segurança Pública acredita que os policiais que faziam "bicos" como seguranças de Vinícius Gritzbach serão punidos, mas pensa que isso não será o suficiente para conter o descontrole da polícia.

Eu consigo entender que nenhum policial gostaria de ter atirado no Ryan, a não ser que fosse uma pessoa completamente com sérios de saúde mental. Mas quem autorizou ele [policial] estar ali? O que ele está fazendo ali?

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A mesma coisa acontece no caso de Guarulhos, quando nós tínhamos policiais militares fazendo a segurança privada de um empresário do crime. [...] O que eles estavam fazendo ali não era novidade para ninguém, eles estavam prestando o bico policial.

Muito provavelmente quem vai ser punido são esses quatro policiais, porque de fato o regulamento proíbe [os bicos como segurança particular]. Talvez investigando a gente vai descobrir quem é o autor, ou os autores, do assassinato. Mas o que isso traz de lição para uma política de segurança pública? Muito pouco, porque, na verdade, a gente não está olhando para soluções.

[Temos] uma polícia descontrolada de propósito — porque a política de segurança é 'deixa a polícia fazer o que ela sabe fazer', e em nenhum lugar do mundo ela sabe fazer desde que ela esteja supervisionada.

A gente tem que valorizar a boa polícia, e a valorização passa por supervisionar e, no caso, fazer determinadas operações e investigar as conexões do crime organizado. E a minha dúvida é se isso a gente vai conseguir fazer, além de investigar os quatro seguranças.
Renato Sérgio de Lima, diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

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Veja abaixo o programa na íntegra:

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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