Atentado no aeroporto do Afeganistão pode ser para humilhar Biden e dar aviso aos EUA, diz professor
Colaboração para o UOL
26/08/2021 19h51
Em entrevista ao UOL News, o professor Carlo Cauti, do Ibmec, avalia que o ataque ao aeroporto de Cabul, no Afeganistão, pode ser uma mensagem para os Estados Unidos e ter o objetivo de humilhar o presidente do país, Joe Biden.
"Ainda é cedo para dizermos qual que é o real significado desse atentado", diz. "Poderia ser uma mensagem por parte de grupos extremistas dentro do Talibã ao governo americano para humilhar o atual presidente dos EUA ou, também, para avisar que, se não tratar com eles, não teremos uma situação sob controle no Afeganistão."
Cauti ainda destaca que o atentado "mostra que haverá confrontos internos entre facções rivais" e que "o controle do Talibã não significa pacificação do Afeganistão".
"É muito provável que a gente veja uma situação de guerra civil que vai continuar nos próximos anos, mesmo entre as próprias facções de fundamentalistas islâmicos", aponta.
Em pronunciamento hoje, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que o país "não esquecerá nem perdoará" os terroristas do ataque ao aeroporto de Cabul. Ao menos 72 pessoas morreram, sendo 60 civis afegãos e 12 militares americanos. Outros 15 soldados norte-americanos ficaram feridos, dentre cerca de 140 no total.
Biden informou que foi ordenado o planejamento de ataques contra lideranças e instalações do Estado Islâmico após o braço regional do grupo assumir a autoria da explosão.
O professor explica que o Isis-K, sigla em inglês para Estado Islâmico da Província de Khorasan, é um grupo formado por dissidentes do próprio Talibã.
"Eles queriam uma aplicação ainda mais rígida da lei islâmica e não se reconhecem na possibilidade de uma organização política, como o Emirado Islâmico que o Talibã quer impor no Afeganistão", diz Cauti.