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Um 'clubinho': quem lucra com o mercado milionário das falências no Brasil | Podcast UOL Prime #27

Do UOL, em São Paulo

18/07/2024 04h00

O podcast UOL Prime, apresentado por José Roberto de Toledo, traz nesta quinta (18) uma entrevista com a jornalista Juliana Sayuri sobre o mercado que se formou com as recuperações judiciais e falências de empresas gigantes no Brasil.

Você pode ouvir acima a íntegra do episódio, baseada na reportagem especial "Quem lucra com o mercado milionário das falências", publicada no UOL Prime — seção com notícias exclusivas e o melhor do jornalismo do UOL.

A repórter analisou 37 recuperações judiciais e falências de empresas cujas dívidas, individualmente, ultrapassam R$ 100 milhões. Entre elas estão empresas como 123milhas, Itapemirim e Rossi. No total, as dívidas passam de R$ 250 bilhões.

A reportagem identificou indícios de fraude, investigações de juízes no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e altos honorários para administradores judiciais.

"Os mais 'modestos' estavam na casa de R$ 4 milhões. Os mais 'ousados' pedidos foram de R$ 141 milhões", conta a jornalista.

Ouvindo administradores judiciais, advogados de empresas e promotores, a repórter constatou que se formou "um clubinho": muitas vezes, os maiores e mais disputados casos ficam concentrados em poucos escritórios escolhidos pelos magistrados.

Minas Gerais foi o ponto de partida da reportagem. "Minas concentra os maiores casos em valor (Samarco, com R$ 50 bilhões de dívida) e em volume (123milhas, com 800 mil credores)", explica Sayuri.

Lá, três escritórios concentram quase 70% das recuperações judiciais, conforme levantamento da reportagem. Um é liderado por um desembargador aposentado, outro por um filho de desembargadora, e o último por uma advogada casada com um juiz.

Enquanto os administradores judiciais recebem honorários, muitos ficam sem receber um centavo das empresas ao longo de recuperações judiciais e falências que se arrastam por anos.

Entre os prejudicados estão ex-funcionários que ficam sem receber rescisões, investidores e consumidores. Os cofres públicos também perdem.

Segundo dados da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) obtidos pela repórter via Lei de Acesso à Informação, hoje 9.601 empresas que faliram ou passam por recuperações judiciais têm R$ 289 bilhões de dívida ativa com a União.

"Quem ganha nessa história? Poucos. Quem perde? Muitos", diz Sayuri.

O podcast UOL Prime é publicado às quintas-feiras no YouTube do UOL Prime, Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, Deezer e em todas as plataformas de podcast.