'Valdemiro é milionário, mas pastores da Mundial não podem pagar aluguel' | Podcast UOL Prime #29

O podcast UOL Prime, apresentado por José Roberto de Toledo, traz nesta quinta-feira (1º) bastidores da reportagem da jornalista Camila Brandalise e do colunista Rogério Gentile sobre as dívidas da Igreja Mundial do Poder de Deus e o patrimônio milionário de seu fundador, Valdemiro Santiago.

Você pode ouvir acima a íntegra do episódio, baseado na reportagem "Igreja de Valdemiro vive crise e dá calotes; pastor acumula patrimônio", publicada no UOL Prime — seção com notícias exclusivas e o melhor do jornalismo do UOL.

Enquanto a instituição acumula centenas de processos por dívidas há mais de uma década, Santiago é dono de um patrimônio de R$ 20 milhões e tem ou já teve bens como aviões, lanchas e botes.

Grande parte das dívidas da Mundial são por falta de pagamento de aluguéis de imóveis no interior de São Paulo, onde funcionam filiais da igreja.

A reportagem descobriu que pastores não são autorizados a realizar esse pagamento, mesmo correndo risco de despejo.

"Conversei com alguns e eles relataram que a ordem era enviar todo o dízimo arrecadado para a sede da Mundial", conta Camila Brandalise, referindo-se ao templo do Brás, no centro de São Paulo.

A orientação vem dos líderes regionais, seguindo os líderes nacionais. Embora Valdemiro não seja mais o presidente da instituição, todas as pessoas ouvidas afirmam que é ele que dá as ordens na igreja — uma de suas filhas, Raquel Santiago, foi diretora de administração por anos.

A reportagem analisou 686 processos de cobrança contra a Mundial só no estado de São Paulo. Em nove deles, juízes dizem haver indícios de confusão entre os bens de Valdemiro e da igreja.

"Um exemplo é uma mansão em Ilhabela, litoral de São Paulo, que já foi um resort de luxo. A prefeitura abriu um processo por falta de pagamento de IPTU, descobriu que o proprietário era a Mundial e afirma que quem fazia uso desse lugar de maneira recreativa era o Valdemiro", explica a repórter.

O apóstolo nega ser dono do imóvel e diz não ter mais ligação com a presidência da denominação.

"Ele diz ser um 'prestador de serviços espirituais', de pregação em alguns cultos da entidade. Diz que não assina contrato, não define administração financeira e não está envolvido com as dívidas."

Por esses serviços, declarou em 2020 receber um salário mensal de R$ 100 mil.

Seu advogado, Dennis Munhoz, afirmou à reportagem que todos os rendimentos dele vêm da participação em empresas e do pagamento pelo trabalho de pastor, vendas de livros, CDs, DVDs e das redes sociais.

"O patrimônio pessoal do apóstolo foi construído há quase 20 anos, em nada se relacionando com dízimos", afirma Camila.

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