Recessão e queda dos preços do petróleo são má notícia para Petrobras
Dirigindo-se aos outros membros do G20 reunidos em Brisbane, o primeiro-ministro britânico, David Camero,n publicou um artigo no diário londrino "The Guardian" lançando um alerta: “Seis anos depois do crash financeiro que dobrou os joelhos do mundo, as luzes vermelhas estão piscando de novo no painel da economia global”.
Na lista dos problemas elencados por Cameron aparecem a recessão na zona euro, o declínio do crescimento dos mercados emergentes, a epidemia do ebola na África ocidental e o conflito de fronteiras entre a Ucrânia e a Rússia.
Cameron poderia ter citado ainda um efeito colateral da recessão global que atingirá setores energéticos de alguns países: a queda acentuada dos preços do petróleo.
É sabido que o aumento da produção petrolífera em vários países e a exploração de gás e óleo de xisto nos Estados Unidos vem baixando o preço do petróleo desde 2013. Atualmente a produção americana de petróleo atingiu seu nível mais alto dos últimos 29 anos, somando 9 milhões de barris por dia (mmbbl/d). No próximo mês de março o volume americano alcançará 9,5 mmbbl/d, pouco abaixo da produção da Arábia Saudita.
John Kilduff, um especialista no mercado de commodities pensa que em 2015 o preço do petróleo descerá até US$ 50 o barril. Globalmente, a queda dos preços do petróleo trará benefícios para muitos países. Mas certos setores de atividades vão conhecer dificuldades.
Dependente de suas exportações de petróleo, a Rússia certamente se dará mal. No "Moscow Times", o escritor Alexei Bayer recapitula as teorias conspiracionistas russas que interpretam a queda do preço do petróleo como um complô ocidental contra o país.
Mais concretamente, os investidores americanos na exploração de gás e óleo de xisto -- viável a partir de um preço mínimo (break-even) situado entre US$ 50 e US$ 80 o barril -- já começam a pisar no freio.
Se a tendência da queda do preço do barril do petróleo se confirmar, a produção brasileira de etanol e de energia renovável sofrerá consequências. Mais ainda, os investimentos no pré-sal, baseados num break-even de US$ 41 a US$ 57, também se ressentirão. Sacudida pelos escândalos de corrupção, a Petrobras não precisava de mais essa má notícia.
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