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Órgão revê previsão de aquecimento global e alimenta polêmica

Estudo inglês prevê agravamento do aquecimento global, mas em ritmo menos acelerado - Shutterstock
Estudo inglês prevê agravamento do aquecimento global, mas em ritmo menos acelerado Imagem: Shutterstock

David Shukman

09/01/2013 09h59

O Met Office, o centro nacional de meteorologia britânico, revisou uma de suas previsões sobre o quanto o mundo ficará mais quente nos próximos anos. A nova projeção calcula que o aumento na temperatura pode ser menor do que o previsto anteriormente.

Segundo o novo estudo, a temperatura média deve ser elevada em 0,43º C até 2017 – enquanto a projeção anterior sugeria o aquecimento global de 0,54º C.

O centro afirma que a mudança ocorreu porque foi usado um novo tipo de modelo de computador, que utiliza parâmetros diferentes. Se a nova previsão se mostrar correta, a temperatura média global teria permanecido praticamente a mesma por cerca de duas décadas.

Os novos dados reabriram uma polêmica no mundo científico, já que um dos principais argumentos usados por críticos que não concordam com a tese do aquecimento global é o de que não há evidências suficientes para a constatação de uma mudança significativa nas temperaturas mundiais.

Para os céticos, uma aparente estabilização do aquecimento global representa um sinal de que os alertas sobre a ameaça do aquecimento global foram exagerados.

Décadas anteriores

Um porta-voz do Met Office disse, no entanto, que "a nova previsão definitivamente não sugere temperaturas mais baixas, já que ainda há uma tendência a longo termo de aquecimento global, se compararmos com os anos 50, 60 e 70".

"Nossa previsão é a de temperaturas que estarão próximas ao níveis recordes que vimos nos últimos anos."

O porta-voz afirmou ainda que como a variação natural é baseada em ciclos, esses fatores podem mudar em algum ponto. O centro britânico procurou ressaltar que o novo projeto é resultado de um trabalho experimental e que ele não altera as projeções de longo prazo do órgão.

El Niño

As previsões são baseadas em uma comparação com a média de temperatura global no período entre 1971 e 2000. 

O modelo anterior projetava que o período de 2012 a 2016 seria 0,54º C mais quente que a média – com uma margem de erro de 0,36 a 0,72º C. Já o novo modelo prevê um aumento cerca de 20%, de 0,43º C - com uma margem de 0,28% a 0,59%.

Essa temperatura seria apenas um pouco mais alta do que o ano recorde, 1998, quando acredita-se que o fenômeno conhecido como El Niño tenha causado mais calor.

Cientistas climáticos do Met Office e de outros centros vêm tentando entender o que está acontecendo no período mais recente. A explicação mais óbvia baseia-se em uma variação natural, com ciclos de mudanças na atividade solar, na temperatura e nos movimentos dos oceanos.