Josias de Souza

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Em escândalo, Lira prefere o 'nada a ver' ao 'eu não sabia'

Arthur Lira disse no programa Roda Viva que não tem nada a ver com a compra superfaturada de kits de robótica. A verba saiu do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, um cofre que Bolsonaro entregara ao centrão. Adquiridos por Edmundo Catunda, empresário ligado a Lira, os kits foram para escolas de Alagoas. O negociante chegou ao MEC pelas mãos de Luciano Cavalcante, um velho amigo e assessor de Lira. Mas o presidente da Câmara não tem nada a ver com coisa nenhuma.

Farejada uma roubalheira de R$ 26 milhões, a Polícia Federal entrou no caso. Numa batida de busca e apreensão, encontrou com o amigo de Lira documento que vincula repasses suspeitos de R$ 650 mil ao nome "Arthur". Mas Lira não tem nada a ver com isso também. "Não posso responder por aliados... Eu respondo pelo meu CPF. O Luciano vai responder por tudo que ele fez ou não fez. Luciano é meu amigo, mas eu não sou responsável pelo que meus amigos fazem."

Na mesma entrevista, Lira disse que "deve haver" uma conversa sua com Lula para arredondar a articulação que enfiará mais centrão no governo. No momento, há duas panelas na cozinha de Lira. Numa fervilham as indicações da amiga Margarete Coelho para a presidência da Caixa Econômica Federal e do correligionário André Fufuca para um cofre qualquer da Esplanada. Hoje, são nomeações. Amanhã, dependendo do que ocorrer, podem virar outros CPFs tóxicos.

Noutra panela, o caso dos kits de robótica é derretido em banho-maria. Lira considerou desrespeitosa a divulgação da notícia que vinculou repasses suspeitos a um certo "Arthur" em 25 de junho. Era o dia do seu aniversário. Celebrou a data em Lisboa, numa festa que tinha Gilmar Mendes entre os convidados. Doze dias depois, Gilmar concedeu liminar travando o inquérito sobre os kits no Supremo. Lira, naturalmente, não tem nada a ver com isso.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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